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Enviada em: 02/11/2018

Segundo o sociólogo alemão Karl Marx, as transformações ao longo da história ocorriam quando as contradições inerentes ao bom funcionamento da vida em sociedade se tornavam insustentáveis. Partindo desse pressuposto, hodiernamente, o vício em tecnologia, haja vista a mudança das relações sociais, revela-se como a contradição mais perversa de uma sociedade em desenvolvimento, tendo em vista seus efeitos maléficos. Dessa forma, convém analisar as vertentes que englobam essa inadmissível realidade.         Em primeiro plano, ao descortinar o século XXI, observa-se que a modificação das relações interpessoais e dos modos de vida, tem sido um campo fértil para o uso exacerbado da tecnologia. Isso porque, conforme afirmou o filósofo Zygmunt Bauman, em "Modernidade Líquida", os laços de uma sociedade agora se dão em rede, não mais em comunidade. De fato, o avanço da parafernália tecnológica, com computadores e celulares, tem facilitado o acompanhamento e as interações comunicativas dos indivíduos de maneira rápida e satisfatória, por meio das redes sociais, de como que, muitas vezes, a vida virtual (facilmente modificável e flexível) se sobreponha à realidade. Dessa maneira, é inegável que a fissura pelas redes sociais potencializa o vício tecnológico.       Outrossim, vale ressaltar também que o exagero no uso da tecnologia pode acarretar consequências nocivas ao indivíduo. Nesse aspecto, de acordo com a teoria aristotélica sobre a "Mediana", o equilíbrio das ações humanas é o caminho para uma vida virtuosa e feliz. Porém, contrariando essa lógica, ao observar a realidade da juventude brasileira, o uso abusivo de jogos eletrônicos e redes sociais corroboram para transtornos psíquicos, a exemplo, ansiedade e depressão por serem aceitos ou não no ambiente virtual, bem como metabólicos, no que se refere a sedentarização e obesidade em vista da alienação frente aos vídeo-games.               Logo, é evidente que a dependência da sociedade em relação às máquinas revela-se uma chaga social que demanda imediata resolução. Para que se amenize esse cenário problemático, portanto, fica a cargo do Ministério da Educação implementar na grade curricular básica do Ensino Fundamental e Médio, debates e diálogos envolvendo pais e alunos sobre a conjuntura de como utilizar as novas tecnologias de maneira resiliente, de modo a influenciar no pensamento crítico do aluno, a fim de que o mesmo aprenda a adaptar a tecnologia ao seu cotidiano. É imprescindível, ainda, a influência social dos meios de comunicação, como os canais de televisão aberta, em ministrar propagandas em horário nobre, evidenciando de maneira lúdica os perigos à saúde que muitas horas em frente aos aparelhos digitais podem ocasionar.