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Enviada em: 12/03/2019

Durante o episódio "Urso Branco", a instigante série Black Mirror alerta seus espectadores quanto ao poder da tecnologia em condená-los a "superficialização" da vida humana. Na trama, os aparelhos tecnológicos os tornam incapazes de se solidarizar ao sofrimento humano, e fazem das pessoas marionetes da inércia no que se refere aos relacionamentos interpessoais. Fora das telas, no Brasil, tornou-se uma realidade a utilização da tecnologia de forma prejudicial às liberdades individuais e à cidadania, criando a necessidade de medidas que resolvam a questão.           De acordo com Jo Ellan Dimitrius, na vida moderna, a deterioração tanto das relações quanto dos valores humanos é nítida. Essa citação pode ser citada no contexto hodierno dos brasileiros, momento no qual as relações interpessoais são depreciadas em vista dos vícios em recursos tecnológicos. Outrossim, a associação de tais recursos ao ambiente de trabalho dificulta o relacionamento familiar, pois, constantemente, os momentos de comunhão perdem crédito ante aos deveres profissionais.                    Ademais, o Programa do Transporte do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP indicou que o uso excessivo dos aparelhos eletrônicos, em especial o celular, pode se transformar em um transtorno psiquiátrico. Conhecido como nomofobia, tal distúrbio acarreta em dificuldades psicológicas, além de corroborar com a falta de relações sociais efetivas no cotidiano da nação. Por causa disso, torna-se evidente que, apesar de trazer facilidades e auxiliar em diversos aspectos do relacionamento humano, a utilização da tecnologia ainda falha em sua maior parte com relação ao seu nível de salubridade.                   Diante do exposto, faz-se necessária a intervenção civil e estatal para combater o impasse. O Estado, nesse contexto, carece de fomentar práticas públicas, tal como a criação de campanhas midiáticas que informem os indivíduos quanto aos perigos do uso excessivo da tecnologia. É imperativo, ainda, que os cidadãos, juntamente com as escolas, promovam atividades e palestras com enfoque na conscientização, a fim de indicar à população quais são as maneiras saudáveis de se utilizar os aparelhos tecnológicos, de modo a evitar o vício e o desenvolvimento de transtornos. Por fim, parcerias público-privadas devem trabalhar na criação de movimentos a favor da inclusão social, com o fito de conter a reclusão e incentivar a participação dos indivíduos nas relações interpessoais. Dessa forma, essas relações não serão mais deterioradas, valores humanos serão perpetuados e o pensamento de Dimitrius deixará de ser uma realidade.