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Enviada em: 03/11/2017

Indubitavelmente, os recursos tecnológicos estão sendo relevantes para a dinâmica social. Prova disso, cita-se as influências das mídias sociais no processo da Primavera Árabe que, por sua vez, permitiu a mobilização da popular contra os diversos regimes ditatoriais na África e Oriente Médio. Por outro lado, o uso exagerado desses meios, estão obrigando alguns países da Ásia, dentre eles o Japão, a dispender recursos para a desintoxicação digital de seus cidadãos. Assim sendo, diante paradoxo, é possível afirmar que, o vício da tecnologia é um fenômeno que tem comprometido o bem-estar físico, psíquico e social da sociedade.     A Nomofobia – termo inglês para denominar “No-Mobile-Phone-Fobia” -, trata-se de um distúrbio mental causado pela falta do uso do telefone celular. Com isso, o efeito dessa patologia é similar ao da abstinência do consumo de drogas que gera pânico e ansiedade ao adicto. Além desse transtorno, o uso exagerado do vídeo game proporciona também fatores deletérios à saúde do indivíduo. De acordo com a psicóloga Sylvia Enck, do Hospital das Clínicas de São Paulo, o estímulo proporcionado pela utilização recorrente deste eletrônico induz o descontrole da liberação da dopamina – hormônio que estimula a sensação do prazer- que desdobra em consequências similares aos da ingestão de cocaína. Por assim ser, fica patente que, a dependência tecnológica deve ser considerada como um problema de saúde pública que remete ações por parte do Estado.     Por intermédio da frase: “vivemos em tempos líquidos, nada foi feito para durar”, o sociólogo Bauman retrata a instabilidade proporcionada pela sociedade pós-moderna que, por característica, pauta-se pela cultura do descartável e fugaz do consumismo. Nessa direção, o uso demasiado das mídias sociais, torna-se a materialização das “relações líquidas” típicas desse comportamento superficial. Com efeito, diante dos vínculos estabelecidos por conexões virtuais, surge a fragilidade das relações pessoais que, comumente, desembocam em dissoluções familiares causadas pela falta de diálogo entre pais e filhos. Conforme visto, há de se frisar que, o vício digital é um dos agentes causadores da enfermidade social.     Desse modo, com vistas ao trato das causas e efeitos da dependência em questão, faz-se necessária a adoção de medidas em dois aspectos. No primeiro, é dever do Ministério e secretarias de saúde realizar a capacitação de profissionais para o atendimento adequado aos adictos. Além disso, tais órgãos devem realizar campanhas publicitárias de conscientização da população quanto aos transtornos oriundos do vício tecnológico. Por fim, no que tange ao segundo aspecto, cabe ao Ministério da Educação financiar pesquisas acadêmicas no sentido de desenvolver métodos e medicamentos que sejam úteis para a prevenção e cura da patologia digital.