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Enviada em: 03/05/2018

O termo gentrificação surgiu em Londres, Inglaterra nos anos 60, quando vários nobres ("gentries", na língua inglesa) migraram para um bairro que, até então, era ocupado pela classe trabalhadora. Hoje, estima-se que nas grandes cidades do mundo há pelo menos um caso do tipo. No Brasil, o fenômeno se entrelaça  com a tendência colonial segregadora  na qual o país se originou, o que fomenta  a rapidez do fenômeno na área urbana, impedindo a projeção de uma cidade democrática.     Semelhantemente ao processo de gentrificação, a camarotização é um fenômeno intrínseco às formas de segregação que afetam os cidadãos em áreas como saúde, educação e economia. O conceito criado por Michael Sandel, professor da Universidade de Harvard, se manifesta no surgimento de condomínios, áreas VIPs, escolas de alto custo - em suma, tudo o que segrega por agregar valor - o que por conseguinte impede o exercício da alteridade, que é o olhar para o outro. Sem esse olhar, no entanto, a sociedade é incapaz de buscar o bem comum, somente o individual.      Como resultado de tais fatos sociais, a democracia se encontra ameaçada. De acordo com o filósofo Immanuel Kant, a incapacidade de desenvolver um pensamento autônomo juntamente com o comodismo denomina-se menoridade. A menoridade torna o indivíduo passível e incapaz de questionar, e é exatamente o que ocorre quando os espaços deixam de ser algo comum, as pessoas se acomodam. A saída da menoridade é o esclarecimento, o qual permite o fluir de ideias divergentes, essencial para a democracia por estimular os cidadãos a lutarem por seus direitos.     Logo, infere-se que a cidade não é para todos, visto que nela há diversos eventos que convergem para uma realidade segregacionista. Com o propósito de mudanças, as escolas e universidades devem levar esses temas à sala de aula de modo a abordar como a segregação socioespacial é prejudicial ao bem comum e suas respectivas manifestações, através de debates que desenvolvam o pensamento autônomo dos estudantes, tirando-os da menoridade. Ademais, a sociedade deve se engajar para que áreas negligenciadas recebam investimento público de forma igualitária através de movimentos sociais, com o fim de mitigar as separações que impedem o exercício da alteridade.