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Enviada em: 10/05/2018

"Cabe à população cuidar da cidade, ajudar a planejá-la, escolher para onde ela deve caminhar", disse o filósofo contemporâneo Luiz Felipe Pondé. Contudo, no limiar do século XXI, a efetivação desse dever se tornou uma imposição utópica, pois a garantia do lema “cidade para todos” se configura, socialmente, como falido. Assim, para compreender essa nova concepção, o crescimento urbano desordenado e a especulação imobiliária devem ser analisados como coeficientes contribuintes ao problema.           Durante a década de 70, o Brasil passou por um intenso processo de urbanização, proporcionado pela atratividade dos centros urbanos e a repulsão das áreas rurais. No entanto, assim como em muitos países subdesenvolvidos, a falta de infraestrutura para atender a grande demanda populacional e o crescimento desordenado das cidades são fatores que contribuíram para o descumprimento da função primordial desses locais, que é atender aos cidadãos. Dessa forma, muitas pessoas deixam de ter acesso a serviços básicos, como saúde, segurança, educação e educação, já que, lamentavelmente, o contingente populacional supera a oferta disponível ao público. Prova disso é o índice de cidades sem saneamento básico, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 80% das áreas urbanas brasileiras não apresentam coleta de esgoto adequada.         Destarte, a especulação imobiliária e a gentrificação são outros pontos que merecem, também, destaque importante. Isso acontece porque, o aumento do custo de vida em áreas antes esquecidas promove a segregação socioespacial, segundo a Sociologia Urbana, uma vez que muitas pessoas não possuem condições financeiras para se manterem nesses locais e mudam-se rumo a periferia das cidades. De fato, cerca de 11 milhões de brasileiros vivem em aglomerados subnormais, conforme aponta o IBGE, o que comprova o grande índice dessa segregação. Por consequência, a maioria das metrópoles apresentam, como componentes, as favelas – áreas isentas de organização estrutural onde o Poder Público não é atuante e a miséria é recorrente.       Portanto, para que o lema seja concretizado na sociedade, medidas devem ser tomadas. Consoante a isso, o Poder Executivo e as Secretarias Municipais devem fornecer ás cidades um Plano Diretor específico a cada realidade para garantir uma reorganização espacial dessas unidades, por meio de plantas que incluam a remodelação de ruas e reestruturação das favelas. Além disso, o Poder Público, por meio de investimentos da Receita Federal, deve promover a inserção das comunidades ao acesso de serviços básico, com a implantação de postos de saúde, criação de escolas e pontos policias nessas áreas.Afinal, cidade deve ser para todos.