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Enviada em: 17/06/2018

Cidade para todos: ainda um futuro distante.  Com a advento da revolução industrial inglesa, o mundo se tornou progressivamente mais urbano do que rural. Novas categorias de impactos surgiram em meio às múltiplas fases da revolução industrial, disponibilizando avanços consideráveis aliados a novos problemas urbanos. Organizar o espaço demográfico, a estrutura ambiental, econômica e a governança-institucional exigiram planos direcionados e minuciosos. Mas, na prática, da maneira como as modernas cidades cresceram e se desenvolveram, o que ocorreu foi uma urbanização desurbanizada.        Projetar a cidade do ponto de vista do cidadão parece um tanto quanto ufanista, visto que a industrialização é que atraíra investimentos e os próprios farão a estruturação afim de receber seus consumidores e moradores. Portanto, como na maioria das cidades capitalistas, convivemos com vários interesses conflitantes e, para cada um deles, a cidade assume um significado diferente. Há os interesses dos proprietários de terras, dos construtores, dos banqueiros e dos industriais, para os quais a cidade é, basicamente, um negócio. E há os cidadãos, para os quais a cidade é o lugar do habitat e o lugar de habitar.        Todavia, diante desse conflito de interesses, do crescimento desordenado, da necessidade de buscar as tão sonhadas oportunidades da “cidade grande”, fez com que em muitos centros urbanos essa estruturação não fosse capaz de abranger todos os interessados, nos deixando com uma única questão: a cidade é mesmo para todos?       Naturalmente que não. Girando em torno de um eixo capitalista nossos administradores, aqueles que possuem o poder de intervir na cidade — os que estão na máquina do Estado —, na maioria das suas ações, têm demonstrado ter uma relação muito tênue com aquilo que a cidade significa para o habitante/usuário, transformando-o frequentemente em cidadão/vítima. Entretanto, muitos conseguem fugir dessa rotulagem, através da imaginação e a espontaneidade, minimizando esse ambiente hostil planejado pelos "especialistas". Esse é o caso dos conjuntos habitacionais e de muitas praças e áreas de lazer.       Somos sabedores de que inverter essa lógica não é, e não será tarefa fácil para as futuras gerações, contudo, precisamos permitir ao cidadão a possibilidade de transformar o nosso cotidiano, de forma que cada habitante possa de fato habitar e participar plenamente do espaço onde vive, impedindo que a lógica da "ordem capitalista", se sobreponha a lógica da sobrevivência, onde o direito à cidade tem que ser de fato dos verdadeiros habitantes.