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Enviada em: 10/04/2019

As cidades brasileiras se configuraram, a partir do processo de industrialização em meados do século XX, na principal modalidade à moradia, promovendo forte adensamento populacional e fluxo de pessoas. Produto desse fato, os núcleos urbanos contemporâneos do Brasil, particularmente os de maior porte, desenvolveram um modelo de cidade espacialmente segregante, socialmente injusto, que padecem pela ineficiência de políticas públicas e que tornam o cotidiano da maioria das pessoas, um desafio.        É importante ressaltar, primeiramente, que a intensificação do processo de urbanização no Brasil, ocorreu sem um projeto de gestão, privilegiando as áreas centrais das cidades em detrimento da periferia, lugar para onde foi empurrada a população menos favorecida. Emanaram-se, assim, os bolsões de miséria, bem retratados por Aluísio de Azevedo já no final do século XIX em “O Cortiço”, no qual, não há presença efetiva do Estado na forma de segurança, saúde, coleta de lixo, mobilidade urbana e, sobretudo, na forma de direitos, hodiernamente ausentes de uma dura realidade. Segrega-se, desse modo, socioespacialmente, numa favelização à moda brasileira.       Sob tal perspectiva, salienta-se também, que a cidade é um retrato fidedigno da desigualdade imposta à sociedade brasileira. Tais problemas só se agravam, à medida em que as cidades tendem a adensar-se cada vez mais, com os fenômenos da imigração, do êxodo rural frequente, alimentando um círculo pernicioso no qual não se percebe disposição governamental na reversão da dicotomia social existente. Exemplo deste fato, é o relatório da OCDE, de 2017, cujo Estado brasileiro figura como um dos que menos investem socialmente em comparação ao que arrecada. É uma ausência que afeta a vida nas cidades e tolhe o acesso à cidadania das mãos de quem mais necessita.        É fundamental, portanto, o estabelecimento de planos de metas para as cidades, pelos governos municipais com apoio estadual, abrangendo Executivo e Legislativo, com incentivos financeiros advindos da União, cuja diversas áreas como mobilidade, saneamento, segurança, coleta de resíduos sejam contempladas proporcionando, maior qualidade de vida, sobretudo, à população residente nas periferias. Bem como, a instituição de projetos de aproveitamento de espaços vazios, pelas Secretarias de Ação Social, oferecendo moradia a baixo crédito nas regiões centrais, promovendo, desta forma, melhor estruturação das cidades e pensando nos que nela vivem, transformando assim, os desafios, em bem-estar social.