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Enviada em: 28/04/2019

O filme brasileiro "a cidade é uma só?" retrata a profunda desigualdade existente entre as pessoas em uma cidade. Assim como na obra fictícia, é possível observar que uma grande parcela da população atual enfrenta grandes dificuldades sociais e econômicas nos grandes centros urbanos. Tais desafios se devem a marcas históricas da formação de grandes centros populacionais, assim como aos processos de mudanças urbanas característicos do século XXI.         Nesse sentido, o processo de industrialização sofrido pelas grandes cidades levou à organização do espaço urbano de uma forma que contribui para a exclusão social. A partir da segunda revolução industrial, houve uma enorme expansão do número de empresas e negócios em grandes cidades, o que atraiu em massa as populações de cidades menores, em busca de emprego. Esse intenso aumento populacional levou ao crescimento desordenado das cidades, processo visto principalmente em países subdesenvolvidos, o que acarretou a formação das periferias. Essas regiões são formadas por pessoas pobres, majoritariamente sem formação profissional ou acadêmica, que não possuem acesso a serviços básicos, como o de saneamento. Enquanto isso, a área central dos centros urbanos possui níveis mais altos de qualidade de vida. Dessa forma, os indivíduos de uma cidade compartilham o espaço, mas a inclusão social não chega a todas essas pessoas.         Além disso, os efeitos da desconcentração espacial da atividade industrial possibilitada pelos novos avanços tecnológicos agravam a situação de exclusão nas grandes cidades. Segundo Milton Santos, o desenvolvimento dos meios de telecomunicação permitiu que hoje a globalização esteja relacionada a um a meio técnico-científico-informacional. Tal avanço da técnica é comprovado quando empresas de grande não possuem mais a necessidade de concentrar sua produção em um mesmo local físico, de modo que transferem parte de sua linha produtiva para cidades menores, onde a mão de obra é mais barata, em busca de redução dos custos. Essa estratégia causa a diminuição dos postos de trabalho em grandes metrópoles, o que afeta principalmente a parcela mais vulnerável da população.         Destarte, a situação de dificuldades enfrentadas hoje por moradores de grandes centros possui entre suas causas a própria formação social das cidades e as inovações possibilitadas pelas novas tecnologias. É essencial que o Estado crie, por meio de verbas institucionais, melhores condições de trabalho e melhores escolas para as camadas menos favorecidas, de modo a diminuir o processo de exclusão enfrentado por essas pessoas.