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Enviada em: 08/08/2017

Em 1807, por causa do avanço iminente das tropas napoleônicas em território português, a corte real e a nobreza viram-se obrigadas a fugir para o Brasil. Por causa desse deslocamento, a classe rica que já residia em casas luxuosas tiveram que cedê-las para que a corte pudesse ser bem recepcionada. Desse modo, esses deslocados foram marginalizados e, portanto, obrigados a iniciar residência nas periferias. Agora, no século XXI, esse fato histórico tem autores diferentes, porém os motivos são os mesmos: a gentrificação e a marginalização dos pobres. Karl Marx, filósofo contemporâneo de nacionalidade prussiana, disse em suas teorias que o desenvolvimento do capitalismo é intrinsecamente ligado à exploração do proletariado, uma vez que esse modelo econômico só pode ser sustentado pelo consumismo e a utilização da mais-valia para o acúmulo de riqueza. No contexto urbano contemporâneo, é visível essa discrepância de aporte econômico que, consequentemente, acarretará na gentrificação de espaços, vulgarmente conhecida como a alteração das dinâmicas locais e a exclusão socioeconômica dos moradores mais pobres. Concomitantemente a esse fato social, o processo de marginalização desses moradores menos abonados aflingirá essas cidades. Isso tendo em vista que, ao não conseguir arcar com o aumento brusco das despesas, esses cidadãos terão que diminuir seu padrão de vida e procurar outros locais mais baratos. Dessarte, nessa busca acharão os bairros periféricos, pois, dentre vários fatores, essas localidades não apresentam infraestrutura, como saneamento básico ou segurança, tão desenvolvida quanto as dos bairros centrais. Por fim, essa sucessão de eventos só trará consigo a confirmação da perversidade da globalização que, segundo o geógrafo Milton Santos, é sinônimo de disparidade de renda. Em vista dessas considerações, fazem-se necessárias intervenções  para que o meio urbano seja mais inclusivo. Para tanto, as organizações responsáveis pelo planejamento urbano dos países devem restringir as áreas onde são permitidas as construções de pontos comerciais megalomaníacos ou de edifícios de grande magnitudes de modo a frear o avanço da gentrificação. Ademais, os Estados Nacionais devem, a partir de seus respectivos Ministérios de Planejamento, viabilizar programas sociais que visem dar aos menos afortunados a possibilidade de usufruir de moradias de qualidade a preço justo e a oportunidade de possuírem maneiras de se sustentar de forma autônoma.