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Enviada em: 26/08/2017

Em 2010, a ONU-Habitat lançou a Campanha Urbana Mundial, que busca conscientizar a população sobre a importância de cidades sustentáveis e com poucas desigualdades. Esse fenômeno trouxe para centro dos debates o meio urbano que, no Brasil, é marcado pela precariedade dos serviços básicos e pela intensa segregação socioespacial. Fatores de ordem histórica, bem como social, caracterizam os dilemas das cidades no país.    É importante pontuar, de início, a influência do rápido processo de urbanização brasileira na temática. Nesse sentido, o meio urbano, amparado pela industrialização do Brasil, passou a abrigar mais da metade da população em menos de 40 anos. Esse fenômeno traz reflexos na atualidade quando se expõe os profundos problemas estruturais das cidades do país. Desde o precário sistema de transporte público até o excesso populacional que dificulta a garantia de emprego para todos, as concentrações urbanas brasileiras não desempenham sua função de assegurar o bem estar social e passam a ser marcadas pela baixa qualidade de vida.    Outrossim, tem-se os impasses relacionados à segregação socioespacial em âmbito urbano. Originado da ressignificação de galpões fabris em antigas cidades industriais norte-americanas, o termo gentrificação, atualmente, representa um fenômeno comum no Brasil, em que a valorização de uma região compromete a população de baixa renda local. Tal fator pode ser ratificado pelo processo de revitalização do Porto Maravilha, que retirou daquela área antigos moradores. Assim, esses indivíduos, ocupando regiões periféricas, não desfrutam dos serviços urbanos básicos, sendo excluídos do sistema.      É notória, portanto, a influência de fatores históricos e sociais na temática supracitada. Nesse viés, cabe aos governos municipais, com o apoio do Estado, promover reformas urbanas para certificar o direito de ir e vir nas cidades. A ideia da medida é, a partir de melhorias no sistema de transporte público e pela disponibilização de cursos profissionalizantes, assegurar à população uma boa qualidade de vida. Paralelamente, à guisa das medidas de contenção da gentrificação feitas em Paris, a população, em consonância com a mídia, devem exigir a contenção desse processo no Brasil. O projeto deve contar com a organização de reivindicações coletivas nas ruas e pelos veículos de comunicação a fim de garantir que as cidades brasileiras sejam, efetivamente, de todos e para todos.