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Enviada em: 01/10/2017

“Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”. A assertiva de Santo Agostinho parecia não prever uma triste realidade que se perpetua no país: A intensa segregação socioespacial existente nas cidades brasileiras. Apenas por possuírem baixa condição financeira, inúmeros cidadãos são impedidos desfrutarem totalmente da cidade em que moram e acabam obrigados a viverem nas periferias, tendo inúmeros direitos negados. Essa constatação exige uma reflexão sobre os principais aspectos que causam esse verdadeiro descaso social.       Em primeira instância, deve-se observar como a maneira desorganizada da industrialização brasileira, característica dos países subdesenvolvidos, influenciou essa segregação existente no país. Devido à necessidade de mão de obra nas recentes fábricas construídas durante o surto industrial no período da primeira grande guerra, houve um intenso êxodo rural para essas cidades, nas quais verdadeiros conglomerados urbanos foram criados, onde a qualidade vida era praticamente inexistente. Devido à falta de políticas públicas por parte do Estado, essa população foi aumentado exponencialmente, gerando esse gravíssimo problema visto nos dias atuais.       Além disso, torna-se necessário ressaltar os problemas ambientais derivados dessa ocupação irregular dos moradores segregados dos grandes centros urbanos. Durante a reforma Pereira Passos, no Rio de Janeiro, os moradores do centro da cidade, após a demolição de seus cortiços, viram-se obrigados a tornarem encostas de morros e beiras de rios seus novos lares. Desmatamento, eutrofização, enchentes e deslizamentos. Esses são alguns dos distúrbios ambientais causados pela ocupação dessas áreas de risco. Nesse contexto, torna-se necessário ressaltar a inoperância do Estado, uma vez que este seria o responsável por garantir uma moradia digna para sua população.       Diante do exposto, fica evidente a necessidade de uma intervenção na questão da segregação nas cidades brasileiras. Por isso, compete ao Ministério das Cidades, através de parcerias público-privadas, a criação de apartamentos a preços populares, visando garantir uma moradia digna para a população e simultaneamente combater a periferização, uma vez que os apartamentos contribuem para a verticalização da cidade. Além disso, compete aos Governos Municipais, por meio de obras públicas, providenciar escolas, hospitais e locais de lazer em todas as áreas da cidade, para que qualquer cidadão possa usufruir de direitos primordiais no local em que mora, contribuindo diretamente para a diminuição dos níveis de segregação e para a construção de uma sociedade mais igualitária.