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Enviada em: 12/10/2017

O ano é 1890 e a obra O Cortiço acaba de ser publicada, a crítica social apresentada por Aluísio Azevedo perpétua até hoje na sociedade, o espaço urbano é no contexto do livro e na vida real delimitado por áreas de segregação, impostas por seus moradores e em alguns caos pela própria prefeitura. A população menos afortunada é redirecionada a regiões periféricas, as quais não apresentam infraestrutura capacitada para receber grandes contingentes de indivíduos, o que acarreta na formação de aglomerados populacionais, que são prejudicados pela falta de saneamento básico, hospitais e diversos outros serviços.       Esse processo de segregação é tão comum que não é de se espantar que já exista um termo que o qualifique, gentificação. Fenômeno esse que caracteriza uma política excludente, na qual uma determinada localidade que ao longo do tempo sofreu com uma valorização econômica, sofra também com o aumento do custo de vida. Dessa maneira, a população local pode ser substituída, dando lugar a prédios e condomínios, o que assegura a manutenção da hierarquia social, favorecendo uma pequena parcela da elite.       No Brasil, em 2016 longe dos holofotes, nas chamadas ´´favelas`` o processo de exclusão estava mais do que evidente, trechos desviados e muros cobrindo uma visão que para a prefeitura não a agradava, foram alguns dos esforços realizados para passar a impressão que a cidade maravilhosa não havia perdido todo o seu brilho, em função da luta contra as drogas. Em meio a diversas contestações um fato ficou claro, o espaço que deveria unir o povo brasileiro estava a segregar.        Nesse contexto é necessário que medidas sejam efetuadas, Órgãos com o Ministério das Cidades e da Integração Nacional seriam de suma importância, os quais devem realizar o papel de reguladores de compras e vendas de imóveis, avaliando por meio de uma assembleia, casos em que haja algum tipo de segregação espacial. Ademais, o Ministério do Planejamento em conjunto com empresas privadas, efetuaria por meio de incentivos fiscais a dispersão de grandes companhias a regiões mais afastadas e a quase isenção de impostos, àqueles que estejam dispostos a investir capital na nova localidade em que se encontram.      O espaço urbano é para Aluísio Azevedo no século XIX fruto de uma má administração, que visa assegurar uma série de benefícios aos mais ricos. Mesmo que haja uma diferença de mais de 100 anos os problemas apontados na obra continuam em meio a cidade do Rio de Janeiro, a necessidade de iniciativas por meio do Governo é um fato inquestionável, pois somente uma política de inclusão colocara um fim a situação encontrada em diversos centros populacionais.