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Enviada em: 16/10/2017

O "apartheid" urbano         A crescente segregação social no âmbito urbano permite concluir que a vida nas cidades tem se tornado cada vez mais excludente. O principal reflexo desse empasse é o desenvolvimento da gentrificação, que possui duas raízes principais: de ordem política, com a dificuldade do Governo em criar planos de organização das cidades, e de ordem econômica, com problemas como a especulação imobiliária.        Em síntese, a gentrificação existe quando, ao provocar mudanças em uma região, valorizando-a e elevando o seu custo de vida, é dificultada a permanência de moradores com baixa renda. Historicamente, observa-se um processo semelhante no Brasil no chamado período Joanino, no qual, pela da vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro e elevação do padrão de vida na então capital, houve o progresso da favelização.        Sob essa análise, é certo também que a ausência de políticas públicas voltadas para a organização do espaço urbano e a inclusão social em tal, aumenta o poder restritivo de moradia nessa região. Uma desordenada urbanização permitiu que a moradia e estrutura para todos ficassem em segundo plano e o reflexo disso são pessoas que só usam as cidades para trabalhar e uma mobilidade precária.      Outrossim, vê-se que a supervalorização do lucro frente à causas sociais importantes agrava a situação. Dessa forma, o direito à moradia, garantido pelo artigo 6 da Constituição, é dificultado pela especulação imobiliária e pela lógica centrífuga desse mercado, que toma o espaço urbano e não atende às necessidades de todos ou da maioria.        Dessa forma, é imperioso que o Estado mude sua estratégia de gastos nas parcerias com o setor privado, deixando de priorizar a construção de estádios esportivos e shoppings, por exemplo, para tornar as cidades mais inclusivas, com a construção de moradias subsidiadas por tal e melhorando o transporte coletivo. Assim, será possível que as cidades sejam um espaço de todos, como deve ser.