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Enviada em: 03/11/2017

Desde o Período Neolítico, quando o homem descobriu a agricultura, até a Idade Média, a maior parte da população mundial sempre viveu  na área rural, afastada dos aglomerados urbanos. Foi a partir da eclosão da Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra, que as pessoas passaram a migrar em massa para os centros urbanos, em busca de empregos nas fábricas. Hoje, as cidades cresceram de tal forma que se tornaram o símbolo da vida contemporânea. Não obstante, devido a fatores técnicos e econômicos, uma parcela da sociedade é privada da vida urbana, sendo relegada às áreas periféricas.    É indubitável que o zoneamento excessivo e excludente das cidades estejam entre as causas da problemática. Em São Paulo, por exemplo, o Jardins é um bairro predominantemente de casas, muito embora esteja localizado em um região central, valorizada e com boa infraestrutura. Caso o plano diretor permitisse a construção de edifícios no bairro, centenas de famílias que atualmente vivem na periferia poderiam passar a fazer parte da vida urbana, pois haveria maior oferta de moradias. Desse modo, é possível perceber que as leis de zoneamento atuam como ferramenta de segregação e exclusão nas cidades.    Outrossim, destaca-se o processo de gentrificação como impulsionador do problema. Esse fenômeno caracteriza-se pela valorização repentina e artificial de uma área degradada da cidade, devido a construção de empreendimentos de luxo nessas localidades. Por conseguinte, o preço dos aluguéis e dos serviços nesses bairros aumentam consideravelmente, fazendo com que os antigos moradores tenham que se mudar para a periferia, uma vez que não podem arcar com o novo custo de vida. Dessa forma, a lógica excludente do mercado imobiliário expulsa das áreas nobres a população menos abastada.    Torna-se claro, portanto, que a exclusão dos mais pobres para fora da cidade deve ser combatida. Nesse sentido, cabe à prefeitura de cada município permitir o adensamento das áreas centrais, mediante um modelo de zoneamento mais permissível e flexível, a fim de incluir um maior número de indivíduos dentro dos núcleos urbanos. Por outro lado, também compete aos governos municipais impedir o processo de gentrificação, por meio da restrição da construção de empreendimentos de luxo em bairros desvalorizados, a fim de proteger os moradores tradicionais da região. Dessarte, poder-se-á integrar toda a população às cidades, de modo que a vida contemporânea se torne acessível a todos os cidadãos.