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Enviada em: 23/08/2018

A violência de gênero no âmbito acadêmico cresce muito anualmente e as estatísticas comprovam isso. Em 2016, o "Bota Dentro", festa direcionada à recepção de calouros, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (FMUFSM) terminou em tragédia, após um professor encontrar uma sala de aula vazia com universitárias alcoolizadas que seriam estupradas durante a madrugada. A questão da violência está enraizada na sociedade atual, mas algumas medidas podem ser tomadas a longo e curto prazo, para impedir que tanto casos como o citado anteriormente se repitam.                          O grande problema está na educação moral e social dos agressores. A psicoterapeuta amazonense, Patrícia Noronha, citou um fato importantíssimo em entrevista ao Rede Amazônica: "Os homens, infelizmente, ainda são criados com conceitos muito machistas incorporados por gerações mais velhas. Infelizmente, quando alguns homens entram no meio universitário, sentem-se livres da pressão exercida em casa e acabam se manifestando de forma maldosa, da forma que lhes foi ensinado a não respeitar o sexo oposto". Diante do fato exposto por Patrícia, é de suma importância estruturar as escolas públicas e privadas para socializar e humanizar as crianças desde os primeiros anos escolares, pois dessa forma há uma chance de criar adultos mais respeitosos e humanizados.       Por outro lado, há o problema judicial. Pelo excesso de burocracia instaurada na legislação brasileira, muitas pessoas violentadas acabam não obtendo a justiça que merecem. Como exemplo, a aluna Flávia Lima, da Universidade Metropolitana de Manaus (FAMETRO), como exposto pelo jornal A Crítica, teve seu pedido de prisão preventiva do agressor, que havia lhe espancado nas dependências da faculdade, negado. O Juíz da Vara Criminal vigente argumentou que o pedido havia sido encaminhado muito posteriormente ao fato ocorrido e, dessa forma, não seria possível dar andamento ao processo. Mais de 30 mil brasileiras enfrentam a mesma situação de Flávia, onde seus agressores saem ilesos unicamente por uma questão de falta de agilidade burocrática, segundo dados da Folha de São Paulo. Dessa forma, é evidente que o Brasil se torne um país menos burocrático e mais atuante, pois a realidade social cobra isso.       Contudo, a longo prazo, a melhor forma de enfrentar o problema é trazer uma educação de gênero mais rígida para as escolas, por meio da inserção do ensino de sociologia obrigatório desde o primeiro ano do fundamental, juntamente com acompanhamento psicológico e pedagógico. Já a curto prazo, o Brasil precisa tornar processos urgentes mais rápidos e menos burocráticos, sendo necessário inclusive que cada Vara Regional seja direcionada à resolução de casos mais graves e urgentes antes de processos mais burocráticos, respeitando e fazendo jus aos direitos humanos previstos por Lei.