Materiais:
Enviada em: 04/08/2018

Segundo Karl Marx, a sociedade se estrutura de acordo com os interesses da classe economicamente dominante. Fazendo uma analogia com a violência de gênero presente nas universidades brasileiras, infere-se que essa estrutura vai muito além de interesses econômicos, já que ela se baseia em uma ideologia de gênero, na qual homens se consideram superiores à mulheres. Infelizmente, um local que deveria ser seguro, como as universidades, acaba se tornando um pesadelo para mulheres que sofrem violência e assédio, prejudicando-as tanto em suas vidas pessoais quanto na acadêmica. Além disso, espera-se que o ambiente educacional seja uma arma de combate à qualquer tipo de discriminação, o que torna inadmissível sua ocorrência em locais nos quais ela deveria ser combatida.   É indubitável, de fato, que desde o surgimento do ser humano, existe uma distinção de gênero, a qual foi se tornando cada vez mais intensa e, a partir disso, constituiu-se uma sociedade extremamente machista, na qual mulheres são inferiorizadas. Desde então, as mulheres se sentem vulneráveis em diversos ambientes, o que as fazem ir em busca de locais que elas se sintam seguras. O problema é que quando uma mulher decide estudar em uma universidade, o mínimo que se espera é que este lugar seja um ambiente apenas para fins acadêmicos, o que acaba não acontecendo em diversos casos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular, 2,9 milhões de estudantes brasileiras já sofreram alguma violência de gênero na universidade. Isso faz com que muitas delas fiquem traumatizadas e desistam de continuar estudando.   Ademais, é intolerável que em um ambiente educacional, no qual estão presentes futuros e atuais profissionais de diversas áreas, ainda seja reproduzida uma ideologia tão retrógrada como o machismo, e é lamentável ver que professores também reproduzem esse tipo de comportamento através de piadas e comentários machistas durante as aulas. Os trotes feitos por veteranos no início do ano letivo em diversas universidades também se tornam ambientes onde mulheres se tornam alvo de agressões, coerções e cantadas.    Diante do exposto, cabe aos reitores das universidades criar reuniões com os docentes e discentes, se disponibilizando a ajudar e a orientar as vítimas de violência de gênero. Concomitantemente, deve-se criar um cargo de ouvidoria para que sejam recebidas sugestões de alunos que querem ajudar a destruir essa estrutura machista. É indispensável que a universidade expulse o aluno, professor ou funcionário que seja identificado em um ato de violência ou assédio. Também é importante que o Governo invista mais em educação para que os ambientes das universidades sejam mais iluminados e tenham seguranças mulheres em locais que são menos frequentados.