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Enviada em: 28/07/2018

A violência de gênero (agressão física ou psicológica direcionada a pessoas devido ao seu sexo ou orientação sexual) nas universidades brasileiras é um dos principais problemas que acometem o país na atualidade. Segundo uma pesquisa realizada por estudantes de Relações Internacionais da USP, 64% das alunas relatam ter sofrido algum tipo de assédio. Diante desse preocupante cenário, medidas político-administrativas voltadas para a resolução dessa adversidade são de extrema importância.       Desde 1500, com a chegada dos portugueses ao Novo Mundo, o Brasil era um país baseado no sistema social do patriarcado, isto é, a imagem do homem subjugava totalmente a da mulher e esta não podia trabalhar nem estudar, apenas cuidava de casa. Com o passar dos anos essa realidade foi atenuada à medida em que pessoas do sexo feminino conseguiram romper com essas barreiras tradicionais, principalmente, graças a movimentos feministas ocorridos no século passado. No entanto, há, ainda, uma forte resistência contra essa desconstrução de valores proverbiais, pois diversas mulheres que ingressam em um curso superior para, futuramente, poderem lograr independência financeira, sofrem uma forte represália, como exposto por estudantes da USP. Destarte, torna-se evidente que a violência de gênero nas universidades brasileiras é um problema enraizado historicamente em nosso país, na medida em que a cultura machista faz-se presente desde a gênese de nossa sociedade.       Como se isso não bastasse, outro fator substancial para o agravamento do problema é o ambiente propício desses meios acadêmicos para que esse tipo de agressão ocorra. De acordo com a professora da Faculdade de Medicina de São Paulo Ana Flávia d' Oliveira, "se vivemos em uma sociedade racista, machista e homofóbica, as universidades não podem ser reflexo daquela e sim um meio de transformá-la". Logo, é importante que se tenha rápidas intervenções nessas faculdades, no sentido de torná-las menos influenciadas pelo caráter segregador que acomete nossa população e mais propensa a desenvolver cidadãos tolerantes às diversidades e particularidades de cada indivíduo.       Portanto, faz-se necessário que o Governo Federal, em conjunto com o Ministério da Educação, por meio da adesão na grade curricular de Universidades Estaduais e Federais de matérias que tratem de forma interdisciplinar sobre a questão de gênero, propicie aos estudantes uma formação acadêmica direcionada não só para o desenvolvimento de conhecimentos técnicos, mas também da empatia e compreensão para com terceiros. Dessa maneira, esse problema seria combatido de maneira mais efetiva, e, paulatinamente, um número maior de universidades poderiam oferecer um ambiente de ensino mais tolerante e democrático para o aluno.