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Enviada em: 03/08/2018

Crime universitário     Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig se refugiou no Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Durante sua estada, escreveu o livro "Brasil: um país do futuro", a fim de ressaltar o potencial da nova casa. Entretanto, quando se observa os crescentes índices sobre a violência de gênero nas universidades, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é preciso entender as verdadeiras causas que tornam esse problema histórico vigente até hoje.     A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões politico-estruturais. Isso remete ao fato de que, a partir da impunidade com a violência de gênero, seu combate é minimizado, já que não há interferência para mudar tal situação. Prova disso é o fato de que, para Lei Maria da Penha, nem toda agressão é crime, ficando a cargo do educandário resolver tal problema (ou não). Desse modo, atitudes agressivas perseveram, pondo em xeque os direitos humanos da vítima.      Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a desigualdade de gênero se fez presente em grande parte do processo; e com ela vieram as discriminações e agressões, derivadas de ideologias, como a superioridade do sexo masculino. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no Brasil. Bom exemplo disso são os índices que indicam que mais de 40% das universitárias têm medo de sofrer violência de gênero, segundo a VIX.     Torna-se notório, portanto, que são necessárias medidas para o combate da violência de gênero nas faculdades. Logo, é essencial que o Governo atue no problema, por meio de fiscalização do cumprimento das leis e abertura de postos de denúncias nas universidades, a fim de melhorar a estrutura a receber denúncias. Ademais, as instituições de ensino devem fomentar o pensamento crítico dos universitários, por intermédio de projetos e debates, para agir na fonte do problema. Desse modo, será possível que a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.