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Enviada em: 03/08/2018

"Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo". Segundo Schopenhauer, os homens tomam aquilo que lhes beneficia como o que deve ser feito, não levando em consideração a opinião e o sentimento alheio. Nos dias atuais, isso pode ser notado na crescente onda de violência de gênero nas universidades brasileiras. Nesse âmbito, esse problema tem se assentado no legado machista dos brasileiros, visto que a maioria dos casos são contra mulheres.   Primordialmente, a sociedade vive um tempo de maior autonomia e inclusão das mulheres, principalmente no campo universitário. No entanto, se por um lado ela evoluiu, por outro ainda traz consigo a herança do machismo dentre os homens, que veio para o Brasil com os colonizadores portugueses, os quais tinham a visão de submissão das mulheres. Com isso, jargões como "sexo frágil", "mulher é fácil", "ela se insinuou pra mim", ainda permeiam a comunidade brasileira, propagando a cultura machista e mascarando atos de violência sexual verbal e física contra universitárias, tendo como justificativa o instinto animal de se apoderar da "fêmea". Dessa forma, o legado machista da sociedade contribui para o problema da violência de gênero nas universidades, uma vez que encobre e justifica tal prática.   Indubitavelmente, muitos casos de estupro relatado nas universidades ocorrem em festas universitárias. Sendo assim, estupradores, muitas vezes universitários, justificam o crime no fato de as mulheres estarem bêbadas ou com roupas muito curtas, submetendo-as a atos contra a sua própria vontade e inferiorizando-as a objetos que devem sanar seus desejos carnais. Com efeito, em uma pesquisa realizada em todo o Brasil pela Revista Abril, 70% das universitárias relataram ter sofrido violência nas universidades, refutando para as mulheres o que John Stuart Mill disse: "Sobre seu próprio corpo e mente o indivíduo é soberano".Faz-se notório, portanto, que a visão machista de que a mulher é um objeto submisso ao homem para satisfazer seus desejos está presente entre os universitários, evidenciando o problema da violência de gênero nesses locais.    Em síntese, o problema da violência de gênero nas universidades brasileiras pode ser enfrentado combatendo-se o legado machista da sociedade. Diante disso, cabe às universidades a realização de campanhas contra o machismo, por meio das mídias universitárias, como panfletos, sites, rádio, que atinjam todos os alunos, com o fito de diminuir a incidência dos casos de violência. Também, o Governo Federal deve disponibilizar um local de denúncias 24 horas, através de um número de telefone, que possa enviar com rapidez policiais ao local, com o propósito de maior segurança. Em suma, espera-se ampliar a visão diminuta de uma sociedade com heranças machistas.