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Enviada em: 12/08/2018

O escalonamento do ódio, da intolerância e do machismo têm degradado uma importante função social da universidade, que é acolher as diferenças de gênero e ser o difusor desse conhecimento para a sociedade. Esse fenômeno, que vem caminhando na contramão da percepção social da humanidade, alimenta-se da ausência de políticas tangentes ao tema dentro do ambiente universitário e da recente onda de extrema direita, fundamentada por crenças que já se davam por superadas. Inúmeros casos de violência contra a mulher têm sido registrados nas universidades brasileiras, causando perplexidade da comunidade acadêmica. Tais atos, intensificam-se e são mais frequentemente observados em cursos de maior renome, como direito e medicina, que abrigam a parcela mais privilegiada da sociedade. Eis um exemplo: há, mais ou menos, três meses atrás, alunos do curso de direito da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro compuseram diversas músicas de cunho agressivo e sexista, sem contar as de caráter racista, durante os jogos universitários no Rio de Janeiro, que reverberou em diversas denúncias que ainda não tiveram qualquer conclusao. Fatos como este, provam que determinadas áreas acadêmicas, como as supracitadas (direito e medicina), estão muito voltadas para o aprendizado profissional e pouco inundadas de aprendizado social, carentes de políticas que protejam a diversidade existente no ambiente universitário e de mecanismos de apoio às vítimas da violência física, psicológica e simbólica. Outrossim, destaca-se a escalada de conceitos atrasados, consubstanciados na crença da inferiorização da mulher e do público LGBT. Esse pensamento, fortalecido pelo discurso de ícones da política, tem ganhado força na sociedade e repercutido no comportamento da sociedade, tornando-o mais violento e aumentando os casos de violência contra a mulher e contra o público homossexual. Nesse sentido, cabe evocar Paulo Freire, que defende uma educação emancipadora e voltada para as questões sociais, já que num cenário tão crítico, onde a agressão se sustenta por meio de uma classe que reivindica privilégios, urge debater sobre uma universidade que garanta o direito de todos. Diante do supracitado, é necessário agir para enfrentar essa problemática nas universidades. Deve o Ministério da Educação estabelecer uma política que contenha duas ações: a primeira, seria estruturar núcleos de denúncia, apoio e enfrentamento à violência de gênero dentro das universidades, coordenados em parceria com a assistência social e diretórios acadêmicos; a segunda, implantar matérias referentes à direitos humanos, ética, moral e diversidade sexual de cunho obrigatório em todos os cursos superiores, a fim de melhorar o grau de consciência social dentro das universidades e, dessa forma, minimizar os indicadores de violência de gênero.