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Enviada em: 02/09/2018

A obra "O médico e o monstro", de Robert Stevenson, narra a história de um  médico respeitado, o qual quando toma doses de um remédio desenvolvido por ele mesmo se transforma em um indivíduo que não controla seus impulsos e por isso passa a ser um problema em sua sociedade. Do mesmo modo que ocorre com a referida personagem, dentro das universidades coexiste um antagonismo: a produção de ensino de excelência e a violência de gênero. Nesse sentido é necessário enfrentar esse problema com medidas que responsabilizem o autor da violência, assim como promovam a culpabilidade de quem deveria apurar os fatos e se omitiu.       Primeiramente, as universidades existem como locais de produção e debate de conhecimento. Por conta dessa finalidade deveria caminhar na contramão de sua existência a tolerância a atos de violência de gênero. Conforme dados da Universidade Federal Fluminense, 42,3% dos alunos relatam ter conhecimento de atos que feriram a dignidade das mulheres, ao passo que não observaram nenhuma providência dos responsáveis pelo campus. No momento em que as autoridades se omitem, elas transparecem permissividade à conduta delituosa, o que favorece a continuidade do erro alheio.       Outrossim, a sensação de impunidade, perpetrada quando não há a devida apuração e vigilância sobre os fatos, fomenta o comportamento individual inadequado, uma vez que o sujeito não se sente ameaçado de responder por sua conduta reprovável. De acordo com o renomado psicólogo Karl Jung, a falta da devida repressão a atitudes consideradas errôneas cria um ambiente psicológico favorável para a assimilação do errado como certo. Portanto, a coerção em cada episódio de desrespeito aos direitos relacionados a gêneros serve tanto para a formação da consciência pessoal como da coletiva.       Em virtude dos fatos mencionados, nota-se a necessidade de proposições para o enfrentamento da contenda. Desta sorte, a Reitoria das universidades, sob pena de responder por omissão, deve assumir a responsabilidade pela recepção e apuração de casos de violência de gênero dentro do ambiente universitário, disponibilizando ferramentas de denúncia anônima para as testemunhas e vítimas, com finalidade de incentivar que essas não se calem mediante o ocorrido. Além disso, quando confirmada a realização da conduta delituosa, após investigação policial, a administração do campus deve expulsar o aluno(a) ou sugerir a demissão do funcionário(a), proibindo a entrada desses no ambiente acadêmico no qual ocorreu o fato como medida de segurança, semelhante ao já previsto na Lei Maria da Penha, que visa afastar o agressor do contato com a vítima. Assim, aplicando correção aquilo que for errado a academia poderá formar mais doutores e menos monstros.