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Enviada em: 10/10/2018

“A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, mas destruidora”. A firmação do filósofo e escritor italiano Benedetto Croce datada do início do século XX continua pertinente e suscita reflexão no que diz respeito à problemática da violência de gênero presente nas principais universidades brasileiras. Percebe-se, então, que a sociedade atual possui uma relação irregular com as mulheres e que tais problemas podem estar ligados ao histórico sociocultural patriarcal e escravista dos tempos coloniais. Partindo dessa premissa, convém ressaltar a importância do modelo familiar centralizado na figura do senhor de engenho como gênese desse problema. Segundo o sociólogo e historiador Gilberto Freire na sua obra “Casa Grande e Senzala”, as relações entre os senhores e suas esposas possuíam um caráter abusivo e possessivo. Nesse sentido, a figura feminina era afastada do ambiente educacional e produtivo, legando-a aos afazeres domésticos e à servidão. Lamentavelmente, a atual violência contra as mulheres no ambiente acadêmico soa como uma imposição machista de retorno à figura feminina de outrora. Outro elemento impulsionador, também narrado por Freire, é que faltavam mulheres na colônia e que a igreja permitia apenas casamentos inter-raciais entre brancos e indígenas. Nessa época, vigorava a economia baseada na mão de obra escrava e era comum a presença da mulher negra no ambiente doméstico. Tal fato, além de gerador de exclusão, também permitia que as mulheres negras se tornassem vítimas de abusos sexuais e que seus filhos fossem recusados pelos pais. Assim, nesse terreno germinou a atual cultura do estupro, pois, segundo a ótica do sociólogo Émile Durkheim, o homem é mais do que formador da sociedade, é também produto dela. Percebe-se, portanto, que a de violência de gênero nas universidades demanda intervenção urgente. Para dirimir tal conflito é preciso que o Ministério da Educação promova a igualdade de gênero no ambiente escolar. Isso deve ser feito por meio da parceria família e escola desde o ensino fundamental, com reuniões mensais e consulta aos pais e alunos sobre as situações problema. Espera-se com isso a promoção do respeito às diferenças e a prática ao hábito de denunciar por parte das vítimas. Assim, a sociedade se tornará mais justa e poderá transmitir um novo e melhor legado aos seus cidadãos.