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Enviada em: 04/10/2018

“No meio do caminho tinha uma pedra”. O trecho tirado do poema “No Meio do Caminho” de Carlos Drummond de Andrade, obra do modernismo brasileiro, usa de metáforas para aludir aos obstáculos enfrentados pelo eu lírico em sua trajetória. Hodiernamente, a situação exposta na poesia assemelha-se às dificuldades enfrentadas cotidianamente pelas mulheres universitárias no Brasil, as quais sofrem com a constante violência no ambiente acadêmico. Nesse contexto, não há dúvidas de que a problemática é um desafio no país, o qual ocorre devido não só à práticas culturais enraizadas, mas também a omissão das instituições educacionais.       A princípio, a Constituição Federal de 1988 afirma que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Todavia esse direito tem sido historicamente deturpado, uma vez que a sociedade brasileira tem claras características patriarcais. Nesse sentido, o sexo feminino se tornou vítima continuamente dessa ideologia – segundo estudo realizado pelo Instituto AVON, 2,9 milhões de estudantes já sofreram algum tipo de abuso. Dessa maneira, consoante a Simone de Beauvoir, o homem sempre é visto como ser humano e a mulher como fêmea. Nessa perspectiva, logo verifica-se a relevância desse conceito, à medida que essa parcela da sociedade continua sendo explorada e objetificada, mesmo no ambiente estudantil.      Outrossim, a omissão advinda de instituições pedagógicas é ainda um grande impasse. Desse modo, embora medidas com o Núcleo de Acolhimento Humanizado às Mulheres Vítimas de Violência (NAH) da Universidade Estadual do Ceara (UECE) tenham sido tomadas, o obstáculo continua sendo mascarado por organizações. Isto posto, em concordância com Martin Luther King, o caráter de um indivíduo está ameaçado no momento em que ele permanece em silêncio sobre as coisas que importam. À vista disso, é irrefutável a importância de medidas de atendimento e punição frente à situação, dado que, de acordo com Foucault, filósofo francês, a certeza de punição desvia o homem do crime.     Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para garantir a segurança de mulheres no ambiente acadêmico. Primeiramente, cabe ao Ministério da Educação promover ações conscientizadoras em instituições de ensino, por meio de palestras com vítimas e especialistas no assunto e, em comunhão com a Mídia, criar publicidades informacionais, visando por meio de outras histórias mobilizar a população pela causa. Concomitantemente, o Governo Federal deve criar postos de policiamento no campus, por meio de investimentos do Segundo Setor, oferecendo, além da segurança, amparo a possíveis casos, buscando conceber um espaço protegido para mulheres.