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Enviada em: 03/10/2018

As formigas são seres capazes de organizar sociedades complexas, nas quais todos indivíduos trabalham harmonicamente em prol do coletivo. Para a ciência, tal organização ultracooperativa tem explicação no longo convívio em grupo desses insetos. Sob a mesma ótica, entretanto, quando observada violência de gênero nas universidades brasileiras, verifica-se que o convívio milenar em sociedade não foi suficiente para que o ser humano se mobilize perante o problema de seus semelhantes, permitindo que a problemática persista intrinsecamente vinculada à realidade do país, seja pela maneira com que a ordem pública é administrada, seja pelo egoísmo inerente à mentalidade contemporânea.        A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, defende a manutenção do respeito entre os povos de uma nação. Logo, é indubitável que a insuficiência das ações governamentais estejam entre as principais causas da violência de gênero no país, visto que, consoante ao artigo 3 da Constituição brasileira, é dever do Estado construir uma sociedade justa e solidária. Entretanto, o preconceito e a violência gratuita explicita que a ação legal ainda se encontra distante da efetivação, haja visto que tal prática é feita de maneira deliberada e destemida.        Outrossim, o desrespeito à orientação sexual alheia apresenta forte identificação com o Individua lismo proposto por Bauman na obra Modernidade Líquida. A falta de empatia gerada pela empáfia humana reflete diretamente nas relações sociais e nos laços humanos, propiciando o ambiente ideal para a consolidação dos conflitos interpessoais. Dessa forma, tal liquidez influi sobre a questão da diversidade de gêneros, funcionando como um forte impecilho para a boa e sadia convivência.      Fica evidente, portanto, a multicausalidade da não aceitação da pluralidade de gênero, posto que os agentes mantenedores do problema não se limitam somente a um dos níveis de organização da sociedade humana. Destarte, faz-se necessário que as reitorias, em conjunto com os alunos, e, com suporte jurídico e militar cabível, mantenham, dentro das próprias universidades, centros de atenção à denúncia, visando a coibição de qualquer ato de discriminação. Aliado a isso, o Legislativo brasileiro precisa dedicar-se com mais ênfase à elaboração de novas leis e emendas, afim de combater a continuidade do problema, contribuindo, então, para a construção de uma sociedade mais fiel aos princípios constitucionais e, nem que seja,  mais próxima da civilidade exercida pelas formigas.