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Enviada em: 07/10/2018

Ao afirmar que "o homem é lobo do próprio homem" Thomas Hobbes indica que existe uma violência inerente ao ser humano que em seu estado de natureza se manifesta espontaneamente. Nesse contexto, é função do Estado controlar esse extinto por meio das leis e da punição daqueles que as infringem, assim como indica na obra " Levitã" do mesmo autor. Contudo, embora exita um órgão controlador, a violência de gênero faz-se presente nas universidades brasileiras devido a fatos -  como o preconceito arraigado na sociedade e o alto grau de impunidade- que propiciam a externalização dessa natureza humana abordada por Hobbes.       Em primeira análise, nota-se que as atitudes vigentes no meio acadêmico são um reflexo da sociedade brasileira. O historiador Le Goff, ao afirmar que " poderíamos viver inúmeras vidas, mas acabamos por viver apenas uma, em virtude da influência determinante da cultura", evidencia tal situação uma vez que a sociedade brasileira, majoritariamente, classifica-se nos moldes do patriarcalismo. Nessa perspectiva, a objetificação da figura feminina e a propagação da cultura do estupro normalizam a violência de gênero no meio universitário na medida em que na sociedade tais atos também são frequentes.        Outrossim, a elevada impunidade dos agressores é um fator que amplia a violência de gênero nas universidades brasileiras. A exemplo disso, pode-se citar o caso do estudante de medicina da USP que, em 2012, mesmo sendo denunciado por 3 estupros, respondeu somente por 1. Nesse sentido, evidencia-se que os casos de violência de gênero, constantemente, são abafados pelas universidades. Assim, a realidade da impunidade alimenta a recorrência do assédio sexual e do estupro e, ao mesmo tempo, silencia as vítimas.        Dado o exposto, faz-se necessário que o Ministério da Educação minimize os preconceitos de gênero vigentes no Brasil por meio de palestras e de campanhas, que abordem o tema, nas escolas e nas universidades. E, por fim, torna-se importante que o Poder Legislativo que, pela elaboração de leis que torne obrigatório a implementação de um setor nas instituições de ensino superior que direcione a vítima a uma denúncia formal e a garanta segurança no campus, diminua a impunidade dos casos de violência de gênero nas universidades brasileiras.