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Enviada em: 04/10/2018

Os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira como querem, pois há situações anteriores que condicionam o modo como ocorre essa construção. Essa ideia, parafraseada de Karl Marx, corrobora o fato de que as ações individuais são limitadas à essência, na qual o sujeito está inserido. Ao considerar esse olhar como ponto de partida para a violência de gênero nas universidades brasileiras, é nítido a influência da construção posterior de hábitos e comportamentos sobre o tema. De modo que, é pontual não só observar como a construção machista da sociedade incita essa violência, mas também como um povo intolerante às diferenças a agrava.       Em primeira abordagem, é importante compreender o quão significativo é importante a manutenção de preceitos machistas no corpo social sobre o tema. Nessa perspectiva, confirma-se a percepção de Marx, na medida em que a construção prévia da sociedade influencia o presente. Não se pode negar, aliás, a abrangência da ideologia machista por órgãos judiciais, dando a sensação de impunidade perante crimes de violência de gênero, incitando-os. Dessa maneira, é notável a necessidade de adaptação do Poder Judiciário frente ao tema, de modo a inibir essa prática.              Outro ponto relevante, nesse cenário, é como uma população intolerante às diferenças pode agravar essa problemática. Dessa maneira, fundamenta-se a perspectiva de Zygmunt Bauman, pois, em sua obra "O mal-estar na pós modernidade", o pensador advoga que o indivíduo contemporâneo age de maneira irracional por ser vitimado pela cegueira moral. Isso significa que, a sociedade não alerta seus indivíduos para observarem e reconhecerem a violência de gênero, causada pela intolerância, como um problema. Por conseguinte, a postura populacional deve ser revista frente ao tema, de modo a erradicá-lo, visto suas raízes no corpo social.       Haja vista as problemáticas decorrentes da violência de gênero nas universidades brasileiras, urge a necessidade de mudanças serem implantadas. É fundamental que o Ministério da Justiça crie mais delegacias especializadas e aumente o rigor das leis, por meio de emendas, de modo a acabar com a impunidade e diminuir o número de casos. Ademais, cabe ao Ministério da Educação a criação de uma grade curricular que, ao ser implantada no ensino público, favoreça a assimilação de gêneros por meio de dinâmicas mutuamente masculinas e femininas, de modo a aumentar a tolerância ao outro. Com essas iniciativas, os indivíduos passam a seguir o alerta lançado por Marx, e construir, de fato, uma sociedade como sujeito.