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Enviada em: 05/10/2018

O combate ao assédio: viver sem temer       O documentário "The Hunting Ground"explora os inúmeros casos de estupro ocorridos em campus universitários estadunidenses, para mais denuncia a administração destas instituições pelo empenho despendido em encobrir as ocorrências ao contrário de resolvê-las. Infelizmente, esse cenário faz-se presente na grande maioria das universidades, uma estudante é abusada e o retorno obtido é a impunidade de quem a violou; a difusão secular da cultura machista arregimenta noções pífias de superioridade do sexo masculino, o qual se utiliza disto para violentar mulheres.        Diante dessa conjuntura, vê-se o mal causado pela supressão do estudo de gênero e ética na formação básica dos indivíduos. Vive-se hoje em uma sociedade fundamentada em um contexto normalizador do estupro; as fundações de ensino, supostos berços do conhecimento, encontram-se repletas de indivíduos misóginos, o Instituto Avon realizou pesquisa e apontou a alarmante taxa de 27% dos alunos homens não considerarem como violência o ato de abusar de uma garota caso ela esteja alcoolizada, e 67% das estudantes dizem já ter sofrido algum tipo de violação no ambiente universitário. O patriarcalismo impõe o medo às alunas, as quais passam a carregar este até mesmo em um ambiente caracterizado pela liberdade - mas claramente não para todos.        Ademais, a impunidade prevalente dos abusadores reforça o sentimento de impotência das vítimas, diante tanto da violação física sofrida, quanto da moral, promovida pelo sistema. Essa omissão na penalização é um grave problema, por meio dela os homens encontram respaldo para continuamente imporem suas vontades frente ao sexo feminino, diminuindo-as; em razão disso a noção de segurança passa a ser nula para as alunas, as quais encontram-se desamparadas e descrentes em um sistema negligente, desencorajando-as a denunciar o ocorrido por medo de represálias. Este pensamento há de ser combatido, a escritora Hannah Gadsby salienta a incomensurável força de uma mulher devastada que se reconstruiu.         Por fim, são necessárias mudanças profundas. Às universidades cabe a criação de uma comissão interna de proteção às estudantes vítimas de violência, com assistência médica e psicológica para estas, além de estimular a investigação de outras ocorrências e auxiliar em suas denúncias perante a Justiça, também banir o autor do crime da instituição. Como frente pedagógica cabe o incentivo à realização de palestras conscientizantes sobre gênero e igualdade dos sexos obrigatórias para o corpo docente e discente e a implementação de disciplinas optativas sobre este tema na grade curricular, as quais irão fomentar a discussão do assunto e combater o alastramento machista na coletividade.