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Enviada em: 06/10/2018

Na música "Mulheres de Atenas", Chico Buarque retrata o machismo e a opressão sofrida pelas mulheres atenienses devido ao contexto sócio-cultural em que apenas o homem poderia ter acesso à educação e ao exercício da cidadania. Embora, atualmente, no Brasil, haja a igualdade de gênero amparada pela lei, a violência de caráter machista persiste, principalmente no meio acadêmico, devido ao contexto histórico brasileiro, à fiscalização ineficiente e a falta de ensino sobre o assunto.     Conquanto o Brasil ter superado diversos problemas sociais existentes no período colonial, a desvalorização feminina pregada pelo catolicismo no período de formação brasileira encontra-se vigente no país, uma vez que, consoante o historiador Gilberto Freyre, a Igreja possuía o monopólio da ideologia da época. comprova-se tal fato através da pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), a qual afirma que 75% das alunas do curso de relações internacionais da faculdade já sofreram abuso sexual, seja físico, seja oral, através de ameaças ou piadas desrespeitosas.       Além disso, a falta de punição e fiscalização efetiva nas universidades impulsiona os indivíduos a praticarem o assédio sexual. Para o sociólogo Durkheim, a falta de coerção mediante atos que colaboram para uma sociedade anômica, como a prática do machismo, homofobia e racismo, tende a aumentar gradualmente o problema. Dessa forma, as próximas gerações de estudantes poderão permanecer com tais atitudes.      Ademais, a carência de uma matéria específica sobre igualdade de gênero contribui para o persistência de práticas abusivas contra a mulheres, já que 42% das alunas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), já sentiram medo de sofrer violência na faculdade. De acordo com o cientista social Foucalt, a moralidade apresenta-se mais eficaz do que a legislação, uma vez que os valores morais trabalham no interior do homem, levando-o a agir de forma ética.      Diante do exposto, percebe-se, portanto, que a violência de gênero nas faculdades é um problema histórico, social e cultural. Assim, é imprescindível que o Ministério da Educação, em conjunto com as faculdades públicas e particulares de todo país, crie uma matéria específica sobre igualdade e tolerância. Além do mais, anualmente, será promovido a "semana da diversidade", no qual profissionais da área de relações humanas realizarão palestras mostrando dados e relatos sobre a opressão sofrida pelas mulheres e também fiscalizarão, por meio de ouvidorias, os abusos que ocorrerem. Dessa maneira, o moralidade será trabalhada a fim de superar os tabus herdados durante a história brasileira e honrar o sofrimento que acometem as mulheres desde o período ateniense.