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Enviada em: 27/10/2018

A cultura e política passaram a conceber maior liberdade e visibilidade à mulher somente a partir do século XX, viabilizando um sentimento masculino de supremacia e possessão  que ecoa até os tempos hodiernos. No Brasil, infelizmente, tal sentimento toma a forma de crescente violência de gênero psicológica e física, inclusive nas universidades, que deveriam ser uma vitrine da cidadania. Tamanha incongruência deve ser o quanto antes resolvida para que toda a sociedade logre avançar na efetivação da igualdade de gênero prevista em lei.             A inferioridade feminina é abstraída a partir da diferença de força física entre os dois sexos, o que, inclusive para o filósofo Aristóteles, legitimaria a propriedade da mulher pelo homem. Essa concepção abusiva pereceu ao longo do tempo, mas os papéis de menor influência social e poder político-econômico sempre foram legados à mulher, fazendo com que sua submissão ao homem, dependência e insegurança se tornassem crônicas, viabilizando a imposição das vontades masculinas. Os séculos XX e XXI trouxeram inúmeros avanços políticos e sociais à mulher brasileira, como a Lei Maria da Penha, que tipifica a violência de gênero. Entretanto, a problemática ainda persiste, especialmente devido ao constrangimento das vítimas para denunciar os abusos.       As universidades, enquanto último nível de preparação do cidadão, são os locais onde ações mais emergenciais deveriam ser tomadas. É premente a realização de campanhas de conscientização pelas universidades, ONG's e mídia, com uso de peças publicitárias na TV, rádio, Internet e espaços físicos públicos. Paralelamente a isso, é vital que haja atendimento médico e jurídico especializado para atenuar o sofrimento físico e psicológico e assegurar o pleno acesso da vítima à lei, mesmo que o agressor possua considerável influência social (sendo, por exemplo, um professor).       Porém, mais fundamental é o efetivo empoderamento feminino, mediante a valorização salarial, política e social das ocupações profissionais com alto percentual de mulheres - como as ligadas a ciências humanas e pedagogia. Por outro lado, escolas e MEC devem instituir uma política de orientação vocacional para os estudantes, como feiras de profissões, questionários online, acompanhamento pedagógico detalhado e atendimento psicológico. Tais ações impediriam que os preconceitos se interpusessem entre as mulheres e as profissões supostamente "masculinas", como as ligadas às ciências exatas. Destarte, pela via da educação e, por conseguinte, cultura e política, os preconceitos, muitas vezes até inconscientes na sociedade, começariam a ter suas raízes expurgadas.