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Enviada em: 02/01/2019

José Saramago, em sua obra “Ensaio sobre a cegueira”, retrata uma sociedade despida de altruísmo, cega, não só fisicamente, como também moralmente. Análogo a isso, no Brasil, a questão da violência de gênero nas universidades é um problema social, uma vez que os próprios centros educativos e o poder público fecham os olhos para esse crescente transtorno e aos danos que este pode causar à população. Destarte, é necessário avaliar as causas dessa problemática e mitiga-las mediante a reformulação de alguns setores . Em primeira análise, cabe pontuar que a intolerância e negligência das instituições ocasiona a crise de violência atual. Comprova-se isso por meio do aumento de mortes em circunstâncias como trotes estudantis, bem como fora dele, em que muitos agressores acobertam-se por trás de discursos patriarcais como "lugar de mulher é na cozinha". Além disso, os próprios funcionários acarretam essa violência quando não dão assistência psicológica e jurídica às vitimas, o que de acordo com o filosofo francês Pierre Bourdieu, na teoria do Habitus, foi incorporado tais pensamentos preconceituosos e impotência acadêmica, desde antes da Revolução Francesa, à população que as reproduziu até hoje.   Atrelado ao contexto anterior, convém destacar que falta de atenção de pública está relacionada aos crimes contra a natureza individual. Prova disso é fata de recursos como delegacias especializadas, disque denúncias e uma equipe de segurança nos centros universitários, o que, consoante ao filósofo Aristóteles, é improcedente, tendo em vista que é dever da política, por meio da justiça, ser utilizada com fito de manter o equilíbrio social. Essa atual situação rompe com o pensamento aristotélico, uma vez que, embora instituído por lei, na Constituição Federal de 1988, o direito de todo cidadão à saúde, educação e segurança, na prática, isso não acontece, evidenciando-se como primordial  a urgência por um maior investimento na proteção dos estudantes.  É fundamental, portanto, reconhecer a problemática gerada na comunidade universitária e propor medidas capazes de atenuá-la. Para tal, é a papel do Ministério da Justiça e Segurança implantar uma delegacia especializada nesse tipo de violência, de modo que os agressores sejam fiscalizados e punidos, mediante multas e prisões, fazendo jus a Carta Magna e garantindo a segurança de todos. Concomitante a isso, cabe às universidades, em conjunto com psicopedagogos, implantar um projeto de Proteção ao Gênero, na qual, por meio de palestras educativas e grupos de atenção e proteção à vítima, possa informar os jovens quanto as consequências da intolerância e garantir que as denuncias sejam encaminhadas aos órgãos responsáveis, além de prestar serviços como atendimento psicológico a vitima, para que, só assim, o preconceito seja desenraizado e não mais reproduzido socialmente.