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Enviada em: 10/04/2019

O existencialismo defendido por Jean Paul Sartre descreve que a intersubjetividade humana implica ações que causam impacto na vida de outros, expressa na máxima: "o inferno são os outros". Nessa perspectiva, vê-se que a violência de gênero nas universidades é um problema social, uma vez que há uma pluralidade notória de comportamentos humanos intolerantes e negligência de políticas públicas e universitárias que contribuem, infelizmente, para a manutenção desse impasse.       Pierre Bourdieu argumenta que as estruturas sociais são incorporadas durante o processo de socialização, desse modo, comportamentos característicos de uma determinada época são naturalizados pela sociedade e reproduzidos nas gerações futuras. Sob esse viés, nota-se que resquícios do patriarcalismo dos séculos anteriores persistem hodiernamente. Por conseguinte, abusos e violações de direitos humanos expressa nas formas mais brandas (comentários que reforçam o machismo) às mais graves (agressões e feminicídio) são a realidade das universidades públicas e particulares.       É conveniente destacar que os ambientes acadêmicos deveriam ser lugares de educação e interação, contudo, estupros, homofobia e racismo ocorrem nesses locais. Um aspecto relevante a ser abordado é o estudo feito com as alunas de relação internacional da USP e mostra que 75% delas já passaram por algum constrangimento devido ao machismo. Destarte, aponta a fragilidade da gestão das universidades em elaborar políticas públicas para enfrentar a problemática. Com efeito, reforça o conceito de Bauman sobre "Instituição Zumbi", as quais existem e se mantêm, mas sem padrões e direcionamento.       É evidente, portanto, que há entraves para solucionar o problema da violência de gênero nas universidades brasileiras. É imprescindível que as Instituições promovam palestras de conscientização sobre ética e igualdade de gênero, com educadores ou profissionais da área, a fim de mitigar o machismo. Em paralelo, é fundamental que as faculdades ofereçam ajuda psicológica às vítimas, por meio presencial ou virtual (em função do constrangimento existente) com o intuito de direcioná-las as providências cabíveis. Assim, as universidades exerceriam seu papel e a violência de gênero seria atenuada a ponto de ser extirpada.