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Enviada em: 03/07/2019

Na série americana "13 Reasons Why", diversas personagens femininas, inclusive a protagonista, são as principais vítimas do bullying escolar. Hodiernamente, tal panorama foi reproduzido no espaço universitário brasileiro, onde as mulheres são alvos predominantes da violência escolar, um cenário decorrente do caráter patriarcal da sociedade brasileira e uma visão predominantemente sexista da mulher.      Primeiramente, vale ressaltar que os aspectos ideológicos de um meio social são refletidos na dinâmica funcionalista de seus setores públicos. Segundo Karl Marx, a superestrutura, que se refere a um conjunto de ideologias e visões de mundo preponderantes em uma sociedade, determina a infraestrutura, que corresponde à agregação de todas as relações de produção. Nessa perspectiva, o fato de vigorar uma doutrina patriarcal na sociedade brasileira auxilia o desenvolvimento de uma cultura desvalorizadora da figura da mulher no mesmo meio, que se propaga pelas variadas instituições de produção social, como as universidades. Dessa forma, a subversão da imagem feminina na generalidade implica o aumento da formas violentas em setores sociais particulares.       Em segundo lugar, a interpretação sensualista da mulher também afeta esse cenário. No período colonial brasileiro, as mulheres escravas eventualmente adquiriam a função de satisfazer o desejo sexual dos seus senhores de engenho, sofrendo o processo de objetificação mais intenso que os escravos do gênero masculino. Tal prática incentivou a estruturação de uma visão do papel feminino na sociedade, em que a mulher corresponde a uma extensão da vontade sexual do homem, não necessitando de um sucesso profissional independente. Dessa forma, a visão puramente carnal da mulher menospreza o seu desejo de ascendência social por meio da educação, o que resulta num aviltamento opressora da presença feminina nos centros universitários.       Portanto, é inegável que a violência de gênero é predominante nos grandes centros de pesquisa e escolaridade do país. É necessário que o Ministério da Educação estimule a instrução de um pensamento democrático feminino da população, por intermédio da adição da disciplina "História Social Feminina" na grade curricular das escolas que discuta acerca das transformações na representatividade social das mulheres, a fim de conscientizar o povo sobre a atual possibilidade de expressão autônoma desse grupo. Outrossim, o Poder Executivo deve possibilitar a denúncia dessa violência específica, mediante elaboração de leis que reconheçam a violência de gênero nas escolas como crime e que permitam atos de malsinação como formas de alegação, com o fito de diminuir a incidência dessa criminalidade.