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Enviada em: 05/09/2019

Elizabeth Blackwell viveu entre os séculos XIX e XX e foi a primeira mulher, nos Estados Unidos, a receber um diploma de medicina. Contudo, sua passagem pela universidade foi intensa, pois ela era constantemente reprimida por seus professores e colegas de classe homens, isso ocorria porque eles acreditavam que o curso não era adequado às mulheres. Apesar dessa situação ter ocorrido há mais de 100 anos, a violência de gênero nas universidades ainda é um problema atual, que na maioria dos casos, ocorre em função de uma construção social e se intensifica diante da ausência de mediações das instituições.        Em primeira instância, levando em consideração o processo histórico que envolvem o sexo feminino, dentro das universidades elas são o principal alvo da violência de gênero. Sendo assim, uma forma de violação bem recorrente é a moral, a qual inferioriza as universitárias dentro das salas de aula, cuja raiz pode ser explicada pelas ideias da filósofa francesa Simone de Beauvoir. A pensadora contemporânea diz que as mulheres são submissas aos homens porque houve uma construção social feita sob uma perspectiva androcêntrica, a qual estabelece que o sexo feminino é inferior ao masculino. Dessa forma, muitas estudantes acreditam que são racionalmente inferiores, o que é um equívoco, pois, segundo uma pesquisa feita pelo Censo da educação Superior, em 2016, 57% das vagas nos cursos de graduação , que são alcançados por meio de uma prova, são preenchidos por mulheres.       Em segunda instância, cabe ressaltar que assim como em diversas esferas, a violência de gênero se intensifica como resultado dos meios que as deixam acontecer. Segundo o Instituto Avon, em 2015, cerca de 2,9 milhões de habitantes já relataram terem sofrido de coibição relacionada ao gênero na instituição onde estudam. Assim, percebe-se que há muitos casos, mas não existe uma abertura eficiente da instituição para que os estudantes possam relatar e pedir ajuda. Além disso, as relações de poder existentes também impedem as denúncias, pois tem situações, como as relatadas pelas professoras e alunas da USP (Universidade de São Paulo) ao programa jornalístico "Seu Jornal", dizendo que em alguns casos a violação parte dos próprios funcionários.       Portanto, nota-se que as escolas superiores não são um lugar de convívio harmônico e têm se tornado reflexo de uma sociedade preconceituosa, onde grupos são subjugados de acordo com o gênero.  Dessa maneira, as universidades podem combater a violência de gênero dentro de seus espaços por meio da criação de centros instalados no campus, os quais servirão para as vítimas de opressão irem informar-se, passar por um atendimento com um psicólogo e identificar o agressor, para que a diretoria julgue a necessidade ou não de uma expulsão. Pois só dessa forma será possível fazer do ensino superior uma transformação, e não exclusão.