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Enviada em: 16/03/2017

A pureza das crianças em perigo.    A violência está enraizada na sociedade brasileira, que conviveu durante anos com a escravidão e ainda vivencia o modelo patriarcalista de impor a autoridade com o uso da agressão física. Essa cultura leva os pais a criarem seus rebentos com imposição de regras e uso de força. Castigos, ameaças e xingamentos no ambiente doméstico são comuns para aqueles que acham que "um tapinha no bumbum" educa e não faz mal a ninguém. Assim, os direitos da criança e do adolescente são desrespeitados e a pureza e o encantamento da fase pueril são substituídos pelo medo.    Infelizmente, já se passaram 500 anos da Colonização, mas as práticas de abuso e autoritarismo continuam como triste herança para o Brasil. É nessa realidade que crianças sofrem diariamente com violência física, sendo que 70% dos casos são cometidos pelos pais. Segundo o Ministério da Saúde, 35% dos estupros têm como vítimas menores de 13 anos. Ora, se os pequenos não possuem segurança no seio familiar, onde mais estarão protegidos?! O caso do menino Bernardo que foi assassinado pelo simples fato de "atrapalhar" a relação do casal, o da menina Isabelle que foi jogada do sexto andar e o do garoto Alex que foi espancado até a morte porque gostava de dança do ventre e de lavar louça são apenas algumas das tragédias cometidas pelos pais que chocam a todos e revelam a negligência da sociedade brasileira com os que serão o "futuro da nação".    Nessa perspectiva, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - que completa 27 anos- estabelece que é dever da família, da comunidade e do poder público assegurar os direitos à vida, à saúde, à educação, ao lazer, ao respeito e à liberdade. Dessa maneira, é de extrema importância que em casos de violação desses direitos seja feita a denúncia para o Conselho Tutelar e que este tome as medidas cabíveis para que o pequeno volte a ter uma vida digna, com saúde física e mental. O renomado líder Nelson Mandela já dizia: "Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a forma como esta trata as suas crianças." Assim, o Brasil precisa extirpar com toda forma de abuso e exploração dos menores para que seja um exemplo de amor e afeto a ser seguido.    Portanto, o problema da violência contra as crianças só findará com uma educação de qualidade, com acompanhamento de professores e psicólogos, atividades em grupo que proporcionem o lazer e o coletivismo. Além disso, os órgãos públicos precisam fiscalizar de forma mais eficiente os casos de maus tratos infantil, punindo os agressores conforme a Lei da Palmada. Também é relevante a realização de campanhas educativas que reforcem a importância da denúncia através do " Disque 100". Só assim o brilho no olhar dos pequenos não será apagado pela crueldade da sociedade.