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Enviada em: 16/03/2017

Um assunto recorrente e ainda negligenciado no Brasil é a violência infantil. Apesar dos esforços na tentativa de conscientização da população, a Secretaria de Direitos Humanos, não tem conseguido reverter completamente o óbice da educação baseada na punição física. Até quando será necessário depender de denúncias para garantir que as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente sejam minimamente cumpridas?  Foi entendida, desde a sociedade clássica, a importância de se criar indivíduos com comportamentos compatíveis aos impostos pelo grupo que estão inseridos. Para tanto, a violência vem sendo amplamente associada à educação principalmente de jovens, que estão em períodos de intensa aprendizagem. Esquece-se, entretanto, que esse ato mais traumatiza do que ensina: além dos mais variados problemas físicos consequentes do abuso contra um corpo em formação, existem também os favores psicológicos, uma vez que crianças injuriadas tendem a apresentar um déficit em suas habilidades afetivas ao longo de toda a vida. É inegável os óbices sociais que o maltrato infantil traz.  O problema se agrava ainda mais quando a criança é vitimada no próprio nicho familiar. Segundo a SDH (Secretaria de Direitos Humanos) mais de 50% das denúncias contra a violência infantil tinha os pais como agressores. São pessoas que, na sua restrita visão de ensino à cidadania, acham que podem passar por cima do Estatuto da Criança e do Adolescente para entregar o que dizem ser o melhor para o jovem, como se o fato de ser progenitor o desse direito a agredir o filho, verbal e fisicamente. Esse abuso de autoridade, ao invés de gerar disciplina, só faz com que o adolescente fique marcado psicologicamente, criando ainda mais distúrbios sociais e fazendo com que a idealização da figura paterna como exemplo a ser seguido seja quebrada.  Fica claro, portanto, o quanto a educação é erroneamente utilizada para justificar a violência infantil. Torna-se necessário, primeiramente, que se construa um método de investigação mais eficaz. Para tanto, é interessante que aja uma integração entre a SDH e as instituições de ensino, com professores e psicólogos que consigam identificar desde cedo sinais de violência física e mental. Além disso, é preciso que se construa um conhecimento de cidadania mais sólido, em que as escolas mostrem os direitos e deveres da população como princípio a ser seguido, a partir uma inclusão na grade do Fundamental e Médio. Só assim as futuras gerações de progenitores terão a visão de que o jovem deve ser tão respeitado quanto um adulto e será possível chegar a um futuro onde denúncias serão o método complementar de garantia do cumprimento das imposições do estatuto, e não o contrário.