Materiais:
Enviada em: 10/03/2017

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas ''Memórias Póstumas'' que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: crianças sofrendo violência, tanto física quanto verbal, não é motivo para se orgulhar. Essas ações estão associadas a questões históricas e ao tratamento dado a quem as praticam.        As razões históricas se alicerçam no pensamento de bater para educar. Essa antiga tradição, muitas vezes justifica o uso do castigo físico como princípio divino, uma vez que algumas passagens da Bíblia mencionam a ''vara da disciplina''. Além de ser crime, agredir fisicamente, é a pior forma de corrigir uma criança. As consequências são trágicas, uma vez que ela tem mais chances de se tornar agressora, ter dificuldade de aprendizado, sequelas físicas, depressão e medo da família.         A causa referente ao tratamento direcionado a quem pratica a violência infantil, está ligado ao fato da sociedade ainda não perceber a gravidade desse problema. No Brasil, a Lei da Palmada, mais conhecida como Lei Menino Bernardo - em homenagem ao garoto que faleceu em decorrência das agressões físicas que recebeu dos pais - é mais para informar, do que punir. Isso se torna evidente ao se analisar as penas atribuídas ao agressor, as quais raramente ultrapassam 1 ano de detenção.     Com tudo que foi exposto, fica claro a gravidade do problema relacionado à violência infantil. Para garantir os direitos da criança, e assegurar que não seja violentada, é necessário que haja a ampliação das redes de denúncia, de informação na mídia e nas escolas, criar punições mais rigorosas, fiscalizar lares com incidência desse problema e garantir acompanhamento psicológico. Assim, esse seria o legado de que Brás Cubas poderia se orgulhar.