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Enviada em: 15/05/2018

O Epicurismo, corrente filosófica do período helenista, defende que a prática de prazeres moderados permite a ataraxia, isto é, a paz de espírito. No Brasil contemporâneo, no entanto, observa-se que a violência implica a desarmonia de um dos aspectos deleitosos: o esporte. Nesse sentido, seja pelo individualismo, seja pela ausência estatal, faz-se necessário combater as causas do impasse.              Mormente, analisa-se que a maioria dos torcedores tem construído uma noção egoísta e de desunião. Isso porque, diante do contexto de competitividade, o indivíduo se impõe superiormente, de maneira a ser movido por ações irracionais e instintivas. Com isso, as manifestações agressivas e discriminatórias tornam-se comuns, de forma a coibir a participação, harmonia e alteridade nos estádios. Por exemplo, segundo o jornal El País, foram registrados 104 episódios ofensivos relacionados ao futebol brasileiro, os quais resultaram em 11 mortes. Tem-se, logo, a negligência do direito ao lazer garantido pela Constituição Federal de 1988.              Ademais, nota-se ainda que a falta de controle governamental corrobora para a manutenção da problemática. Isso visto que, assim como defende o sociólogo Maurício Murad, há uma infiltração de facções do crime organizado nas principais torcidas formalizadas do país. Sob essa ótica, em virtude da impunidade, não basta aplicar apenas punições aos clubes já que a brutalidade deriva de uma minoria. À título de exemplo, consoante o Ministério do Esporte, apenas 3% dos processos de violência no âmbito esportivo acabam em condenação. Por conseguinte, desportos como o futebol, que tem forte caráter simbólico no Brasil, tornam-se reflexo da violência generalizada da sociedade.              Urge, portanto, que a veemência se evidencia como uma das principais características da atividade esportiva no país. Destarte, o Governo, em parceira com o Terceiro Setor e o Ministério da Educação, deve criar uma estrutura abrangente de combate ao egocentrismo no esporte, a partir de palestras e campanhas, ministradas por sociólogos e destinadas a clubes, torcedores e estudantes, bem como desenvolver, com auxílio de ONGs, uma cartilha sobre as medidas de comportamento e segurança nos estádios; a fim de atenuar a inferiorização e o preconceito. Outrossim, convém ao Congresso Nacional aumentar o investimento na segurança pública, mediante uma alteração na Lei de Diretrizes, com o intuito de criar, por intermédio do Estatuto do Torcedor, um programa de proteção voltado ao desporto num plano nacional, de modo a respeitar as particularidades de cada região; para possibilitar um avanço no combate ao problema no país, o qual não coaduna com os princípios da própria Magna Carta. Dessa forma, o equilíbrio pregado pela Escola Epicurista será atingido nas partidas esportivas.