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Enviada em: 19/10/2018

Violência nos Estádios: como virar o jogo contra a violência?         Para o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, a violência em todas as suas formas é uma derrota. Sob esse prisma, a violência nos estádios brasileiros representa uma derrota para todo o esporte nacional. Para combater esse problema, faz-se necessário, sobretudo, garantir a efetiva punição dos culpados e criar uma cultura futebolística de paz.      Inicialmente, destaca-se que a violência só será reduzida quando houver punição aos transgressores. Nesse sentido, recorda-se que os estádios britânicos só se tornaram ambientes seguros quando a polícia passou a identificar e aplicar penas não às torcidas ou aos clubes de futebol, mas especificamente aos indivíduos que praticaram atos violentos. Por outro lado, no Brasil, segundo dados do sociólogo Maurício Murad, no livro “A violência no Futebol: novas pesquisas, novas ideias, novas propostas”, em apenas 3% dos casos de violência no futebol o autor foi punido até as últimas consequências. Por conseguinte, na perspectiva do filósofo contratualista John Locke, enquanto o governo britânico tem cumprido as suas obrigações do contrato social, o Estado brasileiro tem sido negligente com os seus cidadãos.        Outrossim, cabe salientar a importância de se fomentar uma cultura de paz para se garantir segurança nas arenas esportivas. Sob esse viés, conforme já identificado pelo sociólogo francês, Émile Durkheim, na sua “Teoria do Fato Social”, o comportamento do indivíduo é condicionado pelo ambiente que o cerca. Logo, quanto menos se estimular o pensamento de que “futebol é guerra” e mais se desenvolver a tolerância e amizade entre as torcidas, menores serão as probabilidades de atos de vandalismo nos estádios.            Infere-se, portanto, que, para combater a violência nas arenas esportivas, é imprescindível que a mídia, ao promover jogos de futebol não utilize termos bélicos, mas ao invés disso faça um trabalho para conscientizar o torcedor de que o adversário não é um inimigo. Paralelamente, inspirado no modelo inglês, urge que Congresso Nacional inclua no Estatuto do Torcedor a previsão de que quem praticar vandalismo sofrerá a pena de, pelo menos, comparecer a delegacia no horário dos jogos do seu time pelo período de 02 anos, de forma a afastar esses maus “torcedores” dos estádios. Ainda, visando à eficácia dessa previsão legal, o Ministério Público deve exigir a identificação prévia de todos os membros das torcidas organizadas para a rápida identificação e punição em caso de baderna. Por meio dessas medidas, contribuir-se-á para que o esporte nacional comece a virar o jogo contra a violência.