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Enviada em: 19/08/2019

Torcedor bom é torcedor unido, até com o adversário       Alex, personagem do romance distópico Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, é um jovem vivendo em um país de sistema totalitário em que a premissa básica do combate à violência, é mais violência. A trama que se desenvolve psicologicamente na personagem, vítima do sistema, reflete as características mais primitivas da natureza humana. No Brasil, torcidas organizadas brigam por um desejo irracional de superioridade contra as demais. A problemática tem início quando se tenta reprimir esse tipo de situação com mais agressão, método usado pelas polícias e militares do país.       Em um primeiro plano, deve-se perceber a influência do meio em que crescem as pessoas sobre seus comportamentos. Conforme Thomas Hobbes, "O homem é o lobo do homem", portanto, é necessário um estado controlador para diminuir a selvageria humana. Porém, conforme percebe-se atualmente, num meio urbano desenvolvido em que o uso do pensamento racional é imprescindível, essa frase já não faz mais sentido, sendo, portanto, fatores diversos que provocam a violência. Em um estado de euforia, durante um jogo de futebol, as pessoas são tentadas a deixar seu lado agressivo aflorar, e em conjunto com outros do seu "grupo", são tomadas a reagir com violência ao adversário.       Segundo pesquisas da IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a média de idade de torcedores que morrem em ataques entre torcidas é de 15 a 24 anos, sendo que 80% não tem qualquer ligação com grupos de torcedores. Percebe-se, portanto, a influência da idade na forma como os jovens encaram a ilusão de "liberdade" em eventos e jogos. A falta de respeito com o próximo e a sobreposição da emoção frente à razão em um jogo levam ao início de torrentes de selvajaria intermitentes. Desse modo, um lembrete de como se portar em um ambiente com multidões pode salvar vidas.       Compreende-se, portanto, que a violência em estádios é um mal para a sociedade brasileira, que pode ser facilmente resolvido. Assim sendo, cabe ao Ministério da Segurança Pública, em conjunto com as instituições privadas que geram os eventos esportivos, realizar  campanhas que visem informar a população a respeito dos dados de mortes e violência nos estádios e de como é possível evitá-los, seja com a exposição e distribuição de panfletos, seja com anúncios na entrada dos estádios, durante os jogos ou até mesmo na rua. Ademais, os times de futebol devem desestimular a violência com demonstrações de respeito e confraternização entre os jogadores antes e após os jogos, de modo que o torcedor não se sinta estimulado a brigar pelo seu time. Assim, o Brasil poderá se tornar um país desenvolvido socialmente, eliminando todo o cenário de brutalidade de "Laranja Mecânica" da sua realidade.