Materiais:
Enviada em: 03/05/2017

Desde a Idade Média, os atos de violência eram associados a manifestações de imposição e poder. Diante deste cenário, os jogos entre os gladiadores que lutavam no Coliseu, em Roma, sucediam ao público a afeição à brutalidade e as justificativas baseadas nos valores culturais. No entanto, após séculos de avanços e proteção aos direitos humanos, alguns indivíduos ainda refletem esses traços na competição esportiva, como fazem muitos torcedores brasileiros nos estádios de futebol, principalmente em dia de clássico.      Em primeiro lugar, a mídia impulsiona a valorização do sentimentalismo aos times e assim, contribui  para  converter a paixão pelo futebol em um verdadeiro estilo de vida. Neste sentido, os torcedores adotam erroneamente a metáfora conceitual "Futebol é guerra” e encaram as partidas como um combate. Isso ,sem dúvida fomenta um nacionalismo imperativo ,pois, vê-se o time e a torcida adversária como inimigos em potenciais, vide as torcidas organizadas que usam agressão para representar um tipo de defesa e supremacia de um time sobre o outro. Atitudes como essas, distorcem a visão sobre o esporte que antes era visto como sinônimo de saúde e lazer, agora como desequilíbrio emocional e vandalismo.     Além disso, a impunidade dessas ações hostis favorece o continuo desrespeito àqueles que vão apenas para apreciar as partidas e, até mesmo, inverte a visão do esporte como método de inclusão social,defendida pelos próprios clubes. Dessa forma, o Brasil tem níveis recordes de violência no que se refere a rivalidades clubistas, o que comprova que a segurança nesses lugares é ineficaz. Em 2013, por exemplo, as imagens de pancadaria entre torcedores de Vasco e Atlético-PR chocaram o país. Mas, de lá para cá, poucas providências foram tomadas.A falta de fiscalização também é inegável porque, muitas vezes, os agressores se quer são identificados e quando há a identificação recebem advertências leves enquanto que para as vítimas que sofrem a violência os danos podem ser irreversíveis.       É imprescindível ,portanto, a mudança na conduta daqueles que usam a ferocidade para se imporem diante de outros times. Para isso o Brasil deveria adotar medidas similares aos países com referência em segurança nos estádios, como a Inglaterra , por meio de reforço policial ,cadastramento de torcedores e expulsão temporária aos que desviam da passividade entre os jogos. Ademais, os torcedores podem ajudar na identificação dos brigões para que eles sejam punidos adequadamente. Por fim, a mídia e os clubes devem promover campanhas de conscientização ao público, para que o reflexo arcaico do medievo se converta em coletivismo ético e auxilie na integração social do esporte.