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Enviada em: 11/08/2017

Segundo estudos do sociólogo Maurício Murad – especialista em violência entre torcidas nos estádios brasileiros – Entre 2010 e 2015, 113 pessoas foram assassinadas e outras tantas feridas em confrontos no âmbito futebolístico. Nesse sentido, fica nítido que a violência nos estádios de futebol faz-se presente no Brasil, sendo um ato retrógrado, de caráter destrutivo a ser combatido.      Primordialmente, em uma análise mais aprofundada, deve-se refletir sobre a relevância dos aspectos socioeducacionais nesse impasse. De acordo a teoria da tábula rasa de John Locke, o ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências. Logo, de maneira análoga a tal raciocínio, um infante ao presenciar frequentes comportamentos de crueldade e agressividade no cotidiano familiar, inclina-se a repetí-los no convívio social, inclusive nos estádios. Desse modo, a conduta violenta propaga-se entre as gerações posteriores, tornando o problema sistematicamente intrínseco à sociedade brasileira.    Ademais, é preciso ressaltar a reincidência e a impunidade como fatores preponderantes na manutenção da contínua selvageria nas arenas do esporte mais popular do país. Ainda conforme pesquisas de Maurício Murad, 17% dos “brigões” são reincidentes, concomitantemente, o Ministério do Esporte aponta que apenas 3% do crimes no meio esportivo acabam em condenação. Dessa maneira, sem expectativa de serem detidos e sentenciados, muitos torcedores agradem, espancam e matam uns aos outros, como no caso do botafoguense Diego Silva dos Santos, morto após briga de torcidas, nos arredores do Engenhão, antes do jogo entre Flamengo e Botafogo em fevereiro deste ano.       Sob outro ângulo, é possível avaliar a resiliência do problema na esfera social, ao analisar, conforme literatura machadiana, aspectos da natureza e ética humanas. Nesse âmbito o homem é visto como ser imoral, corrompido e propenso à violência, no qual há quase ausência de bons princípios. Assim, adicionam-se aos fatores supracitados atributos inatos, logo atemporais e tendentes à permanência.     É evidente, portanto, que a problemática abordada exige medidas eficazes e urgentes para ser resolvida. Logo, faz-se necessário que o Estado, para uma maior segurança dos amantes do futebol, aprove o PL 3083 – o qual prevê a proibição da entrada de torcedores com histórico de brigas e agressões nos estádios brasileiros. Além disso, compete ao Ministério Público, por meio de liminar judicial, determinar torcida única em jogos que há muita rivalidade entre os times, com a finalidade de evitar confrontos entre as torcidas. Outrossim, cabe às famílias educarem bem seus pequenos, demonstrando-os sempre bons exemplos de cordialidade e respeito. Assim, talvez, o pensamento pessimista de Machado possa ser vencido, e a tão quista paz nos estádios brasileiros seja alcançada.