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Enviada em: 14/10/2017

Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista goza de uma imagem extremamente positiva do Brasil que, na opinião dele, precisa apenas de alguns pequenos ajustes para tornar-se uma nação desenvolvida. Atualmente, o país persiste com uma série de deficiencias, dentre elas as constantes brigas entre torcidas organizadas, problema esse que tem se destacado no cenário nacional. Esse quadro perdura, principalmente, pela ineficiencia na aplicação da lei somada à fatores educacionais.     Primeiramente, é notório que a impunidade está entre as raízes do problema. Conforme disse o francês Armand Richelieu, clérigo e estadista do século XVII, fazer uma lei e não velar pela sua execução é o mesmo que autorizar aquilo que se deseja proibir. Nesse sentido, a simples criminalização das torcidas organizadas não é suficiente para cessar essa prática, pois enquanto o crime não implicar na certeza de punição, existirão indivíduos dispostos à comete-lo. Logo, vigiar e punir é a medida que se impõe para reverter essa realidade.         Além disso, deficiencias no sistema educacional brasileiro potencializam esse fenômeno. De acordo com o poeta e ensaísta inglês Joseph Addison, a educação é para a alma o que a escultura é para um bloco de mármore. Nesse contexto, pode-se entender que o ensino é responsável por moldar o homem, seja em sua personalidade seja em suas relações sociais. Desse modo, violência nos estádios persistem porquanto o maior objetivo da educação brasileira ainda é instruir o aluno para o mercado de trabalho, em vez de valorizar a cidadania e a responsabilidade social.        Denota-se, portanto, que os casos de agressões à torcedores rivais constituem um sério desafio para o país e precisam ser combatidos. Posto isso, é imperativo que o Estado e as escolas atuem para amenizar a problemática. Ao Estado, representado pelo Ministério da Justiça e Ministério do Esporte, compete a instalação de modernos sistemas de câmeras nos estádios, objetivando identificar os infratores. Paralelamente, a escola, com o objetivo de conscientizar os adultos, deverá ensinar aos alunos a respeitar os clubes rivais por meio de dinâmicas de grupos, orientando-as a discutir o tema com sua família, dessa forma, as famílias possuirão pequenos influenciadores dentro de casa, muito mais persuasivos que palestras e campanhas. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um futebol mais humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.