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Enviada em: 26/10/2017

No auge do Império Romano, os combates entre gladiadores eram o principal atrativo da Política do Pão e Circo, que fazia uso da violência física como instrumento de entretenimento e alienação das massas. Atualmente, entretanto, constata-se a inversão desse quadro, uma vez que os espectadores “ignorantes” tornaram-se os agentes da violência nos estádios, fenômeno muito recorrente no Brasil, que figura como um ponto crítico impreterível de ser revertido. Nesse sentido, torna-se fundamental discutir as circunstâncias sociais que influem nesse panorama, bem como o papel do Estado nessa conjuntura.   Cabe salientar, inicialmente, o impacto da mídia nesse contexto. A natureza humana, em sua essência, já é tendenciosa a brutalidade, como sugere Hobbes, contudo, a sociedade hodierna herda traços de hostilidade em virtude da influência midiática. Isso se verifica a partir da postura manipuladora dos meios de comunicação, que por meio da veiculação excessiva de notícias violentas, buscar cunhar o medo de tudo e de todos no meio social, tornando o homem suscetível a conflitos e embates, que aliado ao individualismo pós-moderno, concorre para o quadro averiguado nos estádios. Assim, denota-se um incentivo da mídia a esse tipo de comportamento.   Outro ponto a ser considerado é a figura do Estado como agente promotor da justiça. Thomas Hobbes defende em sua obra “O Leviatã” que a sociedade, por si só, viveria em um estado de completo caos, graças à barbárie humana, e reconhece que é indispensável à formação de um Estado firme, que fosse capaz de garantir a ordem. Analogamente, nas arenas esportivas vigora um cenário semelhante àquele retratado por Hobbes, em que a faceta instintiva e animalesca predomina em detrimento da razão, haja vista que prevalece a impunidade, sugerindo a ineficácia das leis. Em síntese, a ausência de uma autoridade maior encoraja a violência nos estádios, uma vez que o homem retorna a seu estado primitivo.   Diante dos aspectos expostos, é preciso, portanto, tomar medidas que ajudem a reverter esse quadro. Nessa lógica, é crucial que o Ministério do Esporte, em parceria com os órgãos de segurança, distribua equipes de militares pelas arenas, além da instalação de um aparato de vigilância interna, como forma de coibir as atitudes hostis e restaurar a ordem. Ademais, é fundamental que o poder legislativo estabeleça um limite na exibição de reportagens de cunho violento através de um projeto de lei, além de que as escolas, por meio de debates e palestras, façam a apologia à paz e retomem o espírito esportivo olímpico, a fim de garantir a ordem nos estádios. Assim, ao renunciar os instintos, segundo Freud, a sociedade caminhará rumo a civilidade.