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Enviada em: 27/10/2017

A Derrota Sartreana       Neste terceiro milênio, é pertinente discorrer acerca da intensa violência nos estádios. Tal problemática, recorrente em todo o mundo, é muito presente no âmbito desportivo brasileiro, causando várias mortes por ano derivadas de um fanatismo exacerbado, o qual é impulsionado pela ação, dentre outros fatores, da mídia em geral. Diante desse contexto, cabe analisar os fatores que motivam essa prática e explicar as consequências dessa realidade vivida nas arenas.       A princípio, faz-se necessário salientar que a mídia fomenta a valorização do sentimentalismo dos times, podendo até converter a paixão pelo futebol em um verdadeiro estilo de vida. Nesse sentido, os torcedores acabam por encarar as partidas como um factual combate. Assim, é criado um nacionalismo imperativo, ou seja, vê-se a equipe e a torcida adversária como reais inimigos, vide as torcidas organizadas. Essas, por fim, usam a agressão para representar um tipo de supremacia sobre o outro clube.       Nesse ínterim, vale citar, a título de exemplo, o caso ocorrido em Recife no ano de 2014, onde vasos sanitários foram arremessados do Estádio do Arruda, atingindo três e matando um torcedor na saída de uma partida. Fica claro, pois, que a violência nas arquibancadas, além de afastar o potencial público dos jogos, também pode levar à morte. Posto esse cenário, segundo o filósofo francês contemporâneo Jean-Paul Sartre, "a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota", e quando se trata de um esporte, a derrota vem em dobro.       Portanto, esses argumentos corroboram a relevância de uma ação por parte das forças policiais locais, na qual sejam efetivadas mudanças na segurança dos estádios em dias de jogos, haja vista a intensificação nas revistas dos torcedores, presença de oficiais capacitados e bem treinados em lugares estratégicos da arena, além de uma ativa investigação no corpo das torcidas organizadas a fim de encontrar potenciais infratores em seu meio e impedi-los de entrar nos jogos. Ademais, é dever do Estado, das ligas, confederações, federações, clubes, entre outras entidades esportivas, cumprir com veemência o que está previsto no Estatuto do Torcedor, punindo com afinco aqueles que forem contra o caminho da paz. Desse modo, a brutalidade será contida, a relação entre torcedores será elaborada e o ambiente dentro de campo será politizado e harmonioso, revertendo o quadro de derrota proposto por Sartre e transformando as arenas do terceiro milênio em verdadeiros palcos de espetáculos.