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Enviada em: 22/10/2017

Ao longo da história humana, a violência se inseriu de diversas formas nas sociedades. Felizmente, após séculos de progresso das civilizações, observou-se o avanço e a defesa dos direitos humanos. No entanto, o que se nota, no Brasil, é um retrocesso frente a essa melhora no que diz respeito aos casos recorrentes de brigas nos estádios de futebol. Diante desse contexto, é importante compreender como a impunidade, bem como a visão desvirtuada atribuída ao esporte, contribui para essa problemática.       Segundo o pensador Thomas Hobbes, o homem, em plena liberdade, é naturalmente mau, por isso o estabelecimento do contrato social foi necessário para sair da condição de agressividade. Entretanto, torcedores, principalmente aqueles ligados às torcidas organizadas, descumprem esse acordo ao promoverem verdadeiras guerras nas arquibancadas dos jogos. Tal fato está diretamente relacionado à impunidade e ao pouco preparo e combate às brigas de torcida. Dessa forma, é preocupante observar que esse cenário fez do Brasil um dos países de maior número de mortes nos estádios. Por essas razões, entende-se como a ausência de punição e segurança eficazes possibilita a continuidade do problema e abala a ordem social.       Correspondente a essa ideia, é relevante analisar como uma concepção distorcida do significado do esporte colabora para a ocorrência dos casos de violência. É indubitável que o futebol, como paixão nacional, é visto sob uma ótica de extremo sentimentalismo. Assim, observa-se o surgimento de uma perspectiva corrompida do esporte ao considerar o adversário como inimigo e a disputa como confirmação de supremacia de um time sobre o outro. Tal ponto de vista promove uma competitividade insalubre que se reflete nas brigas entre torcidas e que desconfigura a prática esportiva como um instrumento socializador. Assim, fica claro que a violência nos estádios interfere negativamente na visão sobre o esporte e descaracteriza sua função social de inclusão e integração.       Não há dúvida, portanto, dos reflexos negativos que a impunidade e a deturpação do papel do esporte causam na sociedade. Logo, torna-se pontual que as secretarias estaduais de segurança e o Ministério da Justiça, a fim de tornar os espetáculos de futebol seguros e agradáveis, implementem medidas de prevenção, combate e punição aos espectadores infratores por meio de, respectivamente, cadastramento de torcedores, reforço policial e expulsão permanente dos estádios daqueles que abalarem a pacificidade nos jogos. Ademais, cabe ao Ministério do Esporte promover a conscientização da importância e benefício do esporte nas relações sociais mediante a promoção de eventos de práticas esportivas com o intuito de possibilitar competições saudáveis, integração entre indivíduos e desenvolvimento da cidadania. Com isso, será possível reverter o quadro de violência nos estádios.