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Enviada em: 28/10/2017

Materialização do instinto.   "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras: o que importa é modificá-lo". O argumento do sociólogo prussiano Marx leva ao pensamento de que é preciso transformar o mundo. Coadunado a essa perspectiva sociológica, ao se discutir sobre o problema da violência nos estádios de futebol, torna-se fundamental compreender que tal questão é fomentada pela valorização que esse esporte possui na sociedade e pelo sentimento de paixão que aflora no indivíduo. Entretanto, o que se observa é um expressivo desrespeito às escolhas individuais e uma precária educação dos agressores.   Em uma primeira abordagem, deve-se atentar para o fato de que, historicamente, o Brasil é caracterizado por uma cultura de violência aguda, evidenciada pelo modelo civilizatório do país. Ademais, percebe-se que, majoritariamente, o perfil do torcedor violento é de baixa escolaridade e de íntima relação com um meio moralmente degradante.Sob essa ótica, ganha particular relevância o pensamento de Marx, na medida em que, embora transformar o espaço social de convivência seja absolutamente necessário, tal transformação só será possível com um Estado determinado a tornar de fato todos cidadãos. Isso porque, a educação e a segurança são deveres constitucionais do poder público. Em vista disso, pode-se afirmar que a violência nos estádios, além de ser uma atitude irracional e impulsiva do indivíduo, está atrelada à ineficiência governamental.   Outro ponto, a ser esclarecido, harmoniza-se com a concepção do psicanalista Sigmund Freud. Conforme a abordagem do pensador, em sua obra "Totem e tabu", o homem é dotado de características instintivas que são privadas em pró da convivência humana, como a violência. Vale destacar, ainda, que as rixas entre os times e a expressividade que o futebol possui, aliadas a natureza humana instintiva, segundo Freud, contribuem para a amplificação das agressões nos estádios. Consoante a essa constatação, verifica-se que o futebol, esporte cultural do Brasil, o qual a princípio deveria ser uma forma de entretenimento e interação social, está gerando um ambiente de repulsa e desmotivação.   Há, nessa discussão, um caminho que precisa ser reconstruído. Ou seja, a fim de promover mudanças nesse cenário, torna-se urgente que o Governo estabeleça como meta a punição dos infratores, mediante penas, para desmotivar atitudes agressivas, aliada ao investimento na educação, visando à conscientização moral da população. Ademais, é importante que a polícia identifique os torcedores violentos e vete a entrada destes nos jogos, com o propósito de oferecer segurança à população e de evitar novas atitudes agressivas. Com esse esforço para mudança, pode-se acreditar no apelo humanizado de Marx e no estabelecimento dos estádios como um meio pacífico, de entretenimento.