Materiais:
Enviada em: 25/10/2017

A partir do pensamento do sociólogo Karl Marx, observa-se que valorizar o homem como ser social significa buscar alcançar as transformações necessárias para uma sociedade mais justa. Ao tomar essa ideia como base, infere-se que, para a construção de uma comunidade baseada no bem-estar social, manifestações de ódio e intolerância devem ser combatidas. Diante disso, quando se discute sobre a violência nos estádios brasileiros, é válido analisar os motivos que contribuem para a persistência desse quadro, além de relacionar a pós-modernidade com a fragilidade do pensamento ético e cidadão.    É preciso enfatizar, de início, a ineficiência dos mecanismos de controle e repressão às brigas nos estádios. Isso ocorre porque não são efetivadas punições adequadas aos que realizam tais atos, como a identificação do sujeito e a aplicação do código penal brasileiro. Outrossim, o sentimento de rivalidade, que ultrapassa a esfera saudável, é predominante nas torcidas organizadas, organismos de referência aos torcedores, o que influencia a propagação do ódio entre os espectadores. Em vista disso, o índice de violência nos estádios tende a crescer, distorcendo, com isso, o ideal de recreação e interação social que o esporte promove.    Outro ponto importante, pertinente ao tema em questão, refere-se ao pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Segundo o pensador, a pós-modernidade é caracterizada por uma liquidez nos laços e nas estruturas sociais. Nesse período, todo referencial moral é substituído pela lógica do individualismo e do consumo. Pode-se afirmar, por esse lado, que o pensamento ético e cidadão perde o espaço para as questões individuais e, a vida em comunidade, deixa de ser um objetivo para a população. Ademais, as instituições formadoras de valores, como a mídia e as escolas, direcionam suas atuações para o capital empregado, o que, ao invés de incentivar o pensamento coletivo com seu poder de manipulação de massa, colabora com a persistência da intolerância e do egoísmo.      É necessário, portanto, para efetivar a repressão aos crimes de ódio e inibir a atuação destes, que a equipe de segurança dos estádios apliquem as medidas encontradas no código penal brasileiro aos que realizarem atos agressivos, como a execução de boletins de ocorrência e a transferência dos agressores às delegacias. Associado a isso, é importante que as equipes esportivas, em conjunto com as torcidas organizadas, promovam campanhas socioeducativas, seja nas redes sociais, seja nos estádios, que incentivem o respeito e a tolerância ao adversário, para que o futebol volte a ser uma atividade de recreação aos espectadores. Por fim, a fim de fomentar o pensamento ético e cidadão, é pertinente que a televisão, financiada pelo governo, insira em séries e novelas temas relacionados à interação social e ao respeito às diferenças.