Materiais:
Enviada em: 21/10/2017

Os torcedores de Hobbes    Os gregos desenvolveram os Jogos Olímpicos com a intenção de homenagear seus deuses, principalmente Zeus, promovendo a participação conjunta de diversas cidades-estados. Além da religiosidade, as Olimpíadas buscavam estabelecer a paz e a harmonia das civilizações, posto que conflitos e guerras eram interrompidos para a realização conciliadora dos jogos. No entanto, na atualidade, percebe-se que os princípios harmônicos fundadores do esporte encontram-se corrompidos, uma vez que os estádios brasileiros tornaram-se locais para manifestações de violência e de intolerância.         É indubitável que a violência persiste como um aspecto da sociedade. Tal conjuntura de guerrilha converge para os postulados do filósofo Hobbes, o qual estabelece um cenário de constante conflito para natureza humana e caracteriza a maldade como algo inato ao homem. Desse modo, mesmo em um contexto de desenvolvimento e globalização dos conhecimentos, fica evidente que tais postulados permanecem enraizados na população, visto que grande parte das divergências ideológicas, territoriais e esportivas culminam em guerras e em disputas violentas entre os indivíduos.      Ademais, em relação ao contexto brasileiro, percebe-se que esses aspectos de violência social são frequentemente manifestados em estádios de futebol e eventos esportivos, relacionados a desavenças entre torcidas e tumultos que circundam os estádios. Tal conjuntura de violência esportiva é fomentada pela "cordialidade" do brasileiro, descrita pelo sociólogo Sérgio B. de Holanda, na qual os indivíduos privilegiam as relações afetivas e interesses pessoais ao cumprimento das leis. Destarte, no decorrer dos amistosos, os vínculos entre torcedores e time tendem a ser protegidos pelos indivíduos, gerando um clima de tensão nas arquibancadas que, sem a segurança adequada, culmina no desrespeito de leis cívicas e, consequentemente, em inúmeras mortes.     É evidente, portanto, que os estádios brasileiros tornaram-se ambientes para manifestação da violência humana. Para mitigar tal contexto, é necessário que governo melhore as condições de segurança dos eventos esportivos, com a implantação de sistemas de vigilância e proteção policial, no intuito de combater disputas entre torcedores dentro e fora dos estádios. Semelhantemente, o Ministério do Esporte deve fiscalizar organizações e torcidas antiéticas, por meio de propagandas e associações aos principais times do país, promovendo relações harmônicas entre os torcedores e retomando, enfim, aos princípios gregos de comunhão do esporte.