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Enviada em: 29/10/2017

A paixão pelo futebol por parte dos brasileiros é parte do repertório cultural do país. Entretanto, o aumento constante de casos que envolvem a violência nos estádios traz urgência ao debate sobre as causas que impulsionam a organização de confrontos violentos. Uma vez que, essencialmente, o esporte é indicado como ferramenta de integração social e entretenimento, percebe-se que há um desvio nessa máxima quando é notável a presença do fanatismo entre as torcidas. Destarte, deve-se mitigar a discussão acerca do combate ao fanatismo e da exaltação do esporte salutar no Brasil.       Nesse contexto, vale ressaltar a influência do meio social no estabelecimento do fanatismo. De acordo com o filósofo Jean-Paul Sartre "a existência precede a essência", ou seja, o indivíduo primeiramente recebe influência do meio social e, posteriormente, assimila-a em forma de valores, virtudes ou hábitos. Sob essa óptica, contata-se a presença do individualismo na sociedade, impulsionado pelo distanciamento entre as pessoas. Conseguintemente estabelece-se o fanatismo que é personificado em crimes de ódio nos quais um indivíduo supõe superioridade ao seu time e pretende coagir a torcida alheia através da violência.      Outrossim, pode-se relacionar a persistência da violência no meio esportivo ao crescente uso das redes sociais para potencializar o fanatismo, que se torna de difícil controle nesse meio. Por isso, recentemente, a internet serviu de meio para a definição de confrontos, dados apontados por uma pesquisa feita pela Gazeta do Povo. Tal pesquisa mostrou, ainda, o perfil da maioria dos torcedores violentos: pessoas envolvidas com drogas ou que possuem antecedentes criminais. Isto é, percebe-se um resquício da impunidade na propagação da violência quando réus mostram-se envolvidos nesses crimes. Ou seja, quando há impunidade nos crimes em geral, possibilita-se a perpetuação da violência, corrompendo meios inclusivos e potencializadores de lazer.       Vê-se, portanto, que é necessária a interrupção da expressão violenta nos estádios para  restabelecer as funções sociais do esporte na sociedade. Assim, cumpre ao Ministério das Comunicações promover campanhas que desestimulem ao fanatismo e promovam a diversidade salutar e veiculá-las nos próprios estádios, além de nas mídias convencionais e em redes sociais. Ademais, o Ministério da Justiça deverá intensificar os julgamentos de crimes em geral, além dos crimes no meio esportivo, para romper com o ciclo da impunidade, penalizando réus conforme estabelecido por lei. À Anatel, estabelece-se o dever de possibilitar a denúncia em casos de fanatismo nas redes sociais, para atentar-se a indivíduos praticantes e retificá-los através da fiscalização. Dessa forma, será possível o reconhecimento orgulhoso da cultura futebolística brasileira.