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Enviada em: 24/03/2019

Racionais, Emicida, Criolo. Nas letras dos grandes cantores de rap nacional, a violência urbana sempre é denunciada como cotidiana. Tal fato se justifica porque esse estilo musical nasceu nas periferias , as quais são as que mais sofrem com o problema, este que é estrutural na sociedade brasileira, embora a desigualdade, a formação histórica do país e a precariedade para combate-lo tornem os marginalizados mais vulneráveis; algo que precisa mudar.    Esse problema, antes de qualquer fator, é estrutural: a sociedade brasileira é violenta e preconceituosa. Segundo Leandro Karnal, em seu livro “Todos contra todos”, a violência é omitida na história do país. Chamamos guerras civis de revoltas, não aprofundamos nas escolas as condições pelas quais os escravos passavam, além de criarmos um autorretrato de “povo cordial”, que acaba mascarando a realidade à própria população. Ademais, Gilberto Freyre já afirmava em “Casa Grande e Senzala” que a estrutura colonial, aos moldes do engenho, influenciou drasticamente a formação nacional; prova disso é que mais de 70% das pessoas assassinadas no Brasil são negras ou pardas, segundo o Ipea.   Se a formação de nossa sociedade criou tal questão, uma série de outros problemas estruturais permitiu que ela se perpetue até hoje. Primeiramente a grande desigualdade do país, a qual não entrega as mesmas oportunidades a todos, faz com que muitos dos que entram no crime, o façam por não ter outras perspectivas de vida. Junto a isso está o despreparo do Estado para combater tal violência, seja pela polícia que também usa de uma agressividade desnecessária em abordagens, seja pelos presídios que de tão superlotados, acabam se criando dentro deles estruturas alternativas de poder, a exemplo do crime organizado, e transformando esses locais em escolas do crime.   "A vida é desafio"," Levanta e anda", "Duas de cinco". Se a violência urbana é denunciada pelo Rap, o desejo de superar essa situação também está presente nesse tipo de música. Para tanto, é preciso uma mudança também estrutural no país. Primeiramente, cabe ao Ministério da Educação rever o modo com a história é contada nas salas de aula, e passar a mostrar o passado violento do país como algo real, mas que pode ser mudado. Já ao Executivo como um todo, é necessário criar e expandir políticas de distribuição de renda, como o Bolsa família, além implantar o ensino em tempo integral nas escolas, pois a partir de uma melhora na educação, também haverá maior igualdade de oportunidades. Por fim esse mesmo poder deve contratar consultórias junto a países modelo na questão de formação policial, e importar essas estratégias para melhorar o combate ao crime de maneira geral; além de o Legislativo precisar criar leis que facilitem as penas alternativas, desinchando assim os presídios.